A ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL À LUZ DAS REGRAS DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA
A
ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL À LUZ DAS REGRAS DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA
Lucas Antônio Mazzochini[1]
Resumo
No atual
contexto eclesial percebe-se a necessidade e a importância do discernimento
cotidiano na e para a vida do cristão. Diante da abrangente riqueza da tradição
inaciana no campo da orientação espiritual, este artigo pretende analisar as
regras de discernimento dos espíritos no contexto da Primeira e Segunda Semana
dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola (Exercícios Espirituais,
n. 313 – 336)[2] como
instrumento e auxílio para o cotidiano dos orientadores espirituais. Tais
regras são frutos da vivência espiritual de Inácio e apresentam importantes
aspectos da espiritualidade cristã de um modo geral. Elas oferecem, tanto para
o orientador como para o orientando, advertências e conselhos na arte do discernimento
espiritual cotidiano.
PALAVRAS
- CHAVES: Espírito. Consolação. Desolação. Discernimento.
Introdução
à linguagem espiritual de Santo Inácio de Loyola
Inácio de Loyola
após ter sido ferido por uma bala de canhão durante uma batalha em Pamplona no
ano de 1521, permaneceu longo tempo enfermo. Durante este tempo quis ocupar-se
com alguma leitura. Como não encontrara livros que tinha o hábito de ler (os
romances de cavalaria), “deram-lhe, então, uma Vida de Cristo e um livro da
vida dos Santos”[3].
De fato, Inácio tinha outras pretensões em sua vida, mas as leituras que havia
feito da vida de Cristo e dos santos começaram a questioná-lo. Perguntava-se a
si mesmo: “E se eu fizesse isso que praticou São Francisco? Ou isto que São
Domingos realizou?”[4]. Deste
modo, começou a pensar na possibilidade de realizar o que os santos realizaram
em suas vidas e, ao mesmo tempo, pensava em outros assuntos. Inácio “por
experiência, aprendeu que alguns pensamentos o deixavam tristes e outros,
alegre. Assim, pouco a pouco, chegou a conhecer a diversidade dos espíritos que
o moviam: um do demônio e outro de Deus”[5].
Evidente que os termos que Inácio usa devem ser contextualizados na época em
que viveu[6].
Entretanto, o foco central é o insight que
Inácio teve, ou seja, perceber os movimentos interiores que aconteciam dentro
de si e que o atraíam para algo, isto é, as moções[7]
que procedem do bom espírito ou do mau espírito. Neste sentido, “Inácio sentiu
que estava sendo lentamente ensinado por Deus”
[8].
Ora, será necessário sentir e conhecer, isto é, discernir, a origem das várias moções
para receber as boas, que procedem de Deus e rejeitar as más (cf. EE 313). Aqui
entra a arte de discernir que requer, primeiramente, um reconhecimento dos
próprios sentimentos. Segundo Pe. Spencer, Inácio tem certeza de que Deus “se
comunica com o ser humano e é no seu íntimo, nos sentimentos, que a pessoa
experimenta as graças provenientes dessa comunicação” [9].
Os sentimentos são, portanto, a matéria-prima para o discernimento. Muito
significativo Inácio utilizar os verbos sentir e conhecer para discernir as
moções de uma maneira integradora e complementar. Não é algo puramente racional,
mas também “um sentir daquilo que convêm ou não convêm, marcado especialmente
pelo jogo das consolações e desolações, ali onde as razões não decidem”[10].
Deus se comunica com a pessoa através de uma linguagem[11]
que ela possa entender, ou seja, através das emoções, insights, memórias, sentimentos e desejos. Também o desejo aparece
como uma das principais maneiras da voz de Deus ser ouvida na vida da pessoa,
uma vez que o desejo mais profundo da pessoa é o próprio desejo por Deus.[12]
Inácio valoriza os sentidos de um modo geral quando diz que “não é o muito
saber que sacia e satisfaz a pessoa, mas o sentir e saborear as coisas
internamente” (EE 2). James Martin apresenta quatro elementos importantes para
se situar e compreender a espiritualidade inaciana e, consequentemente, as
regras do discernimento dos espíritos: “encontrar Deus em tudo, tornar-se um
contemplativo em ação, enxergar o mundo na perspectiva da encarnação e desejar
liberdade e desapego”[13].
De um modo geral,
as regras que serão apresentadas a seguir oferecem “insight contínuo das formas de se ganhar autoconhecimento e
liberdade”[14] para,
num segundo momento, tomar decisão de vida, que num sentido mais profundo
Inácio denominará eleição ou reforma de vida, sempre no objetivo de escolher a
vontade de Deus para em tudo amá-Lo e servi-Lo (cf. EE 233).
As
Regras da Primeira Semana dos Exercícios Espirituais (EE 313-327)
Inácio apresenta
quatro verbos no título de apresentação das regras da Primeira Semana: sentir,
conhecer, aceitar e rejeitar. Um discernimento é completo quando é sentida a
moção que alguém tem, quando ela é conhecida como boa ou como má e quando se
atua consequentemente, aceitando as boas moções e rejeitando as más.[15]
Uma moção é boa quando “nos conduz ao fim para o qual fomos criados” (EE 23).
Diante da pessoa está os dois caminhos: “Eis que colocarei diante de vós o
caminho da vida e o caminho da morte” (Jr 21,8 e Dt 30,15). Aqui se encontra a
difícil arte de discernir esses dois caminhos, pois o bem e o mal estão
misturados como o joio e o trigo (cf. Mt 13, 24-30). Ainda alerta João em sua
carta: “não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver
se são de Deus” (1Jo 4,1).
Verifica-se que
a primeira série de regras da Primeira Semana se adapta a todos que começam um
itinerário, um caminho espiritual, quem caminha numa etapa de conversão.[16]
Entender os exercícios espirituais como processo é algo similar também com
outras tradições da espiritualidade cristã, pois o ser humano é peregrino,
caminhante. As regras da Primeira Semana insistirão na contradição entre o bom
e o mau espírito. Mas, Inácio recorda na 1ª regra, pela experiência e
observação, que neste caminhar está presente “o inimigo da natureza humana” (EE
7) que costuma agir de um determinado modo na pessoa que inicia o itinerário
espiritual:
O
inimigo costuma propor prazeres aparentes às pessoas que vão de pecado mortal
em pecado mortal, fazendo-as imaginar deleites e prazeres sensuais, a fim de
mais as manter e aumentar em seus vícios e pecados. Nestas pessoas o bom
espírito age de modo contrário, picando e remordendo suas consciências pelo
juízo da razão (EE 314).
Já por sua vez,
Santo Inácio percebe na 2 ª regra que,
Nas
pessoas que vão se purificando intensamente de seus pecados, e subindo de bem a
melhor no serviço a Deus nosso Senhor, acontece de modo contrário à 1ª regra.
Pois é próprio do mau espírito remorder, entristecer e pôr impedimentos,
inquietando com falsas razões para que a pessoa não vá adiante. Enquanto é próprio
do bom espírito dar ânimo, forças, consolações, lágrimas, inspirações e
quietude, facilitando e tirando todos impedimentos, para a pessoa progredir na
prática do bem (EE 315).
Se, nas pessoas
que “vão de pecado mortal em pecado mortal”, o mau espírito mantém a pessoa nos
seus vícios ou na falsa paz, o bom espírito, por sua vez, age ao contrário com
o “juízo da razão”. Se naqueles que vão de “bem a melhor” o mau espírito
inquieta com “falsas razões”, por sua vez, o bom espírito dá força e coragem
para progredir. O bom espírito com o seu “picar e remorder”, eleva a pessoa a
Deus e faz com que volte a ele (Lc 15, 11-32); enquanto o mau espírito com o
seu “remorder e causar tristeza”, deprime e fecha a pessoa sobre si mesma e não
faz pensar na misericórdia de Deus.[17]
Inácio percebe um pensamento que provém do mau espírito quando se vê perguntando
a si mesmo: “Como você poderá suportar esta vida durante os setenta anos que
você deve viver?” [18].
Resistindo as propostas do inimigo Inácio buscou os frutos do bom espírito: ânimo,
forças, consolações, lágrimas, inspirações e quietude. Em Inácio as lágrimas,
ou dom das lágrimas, está associada à consolação, sobretudo no seu Diário
Espiritual[19]. A
pessoa que vai progredindo no caminho espiritual vai recebendo consolações,
pois o bom espírito anima e consola enquanto o mau espírito tenta desanimá-la.
As primeiras regras pretendem mostrar à qual orientação a pessoa está inclinada:
para o bom espírito ou para o mau espírito.
Iniciando o processo espiritual a pessoa vai se interessando pela
consolação que Inácio assim esclarece:
Chamo
consolação, quando se produz alguma moção interior, pela qual a pessoa se
inflama no amor por seu Criador e Senhor, e, portanto, quando não pode amar em
si mesma nenhuma coisa criada na face da terra, exceto no Criador de todas
elas. E, também quando se derrama lágrimas, motivadas pelo amor do seu Senhor,
ou pela dor dos seus pecados, ou pela paixão de Cristo nosso Senhor, ou por
outras coisas diretamente ordenadas a seu serviço e louvor. Enfim, chamo
consolação todo o aumento de fé, esperança e caridade, bem como toda a alegria
interna, que chama e atrai para as coisas celestes e para a salvação da própria
pessoa, aquietando-a e pacificando-a em seu Criador e Senhor (EE 316).
Vê-se que Inácio
não esgota o conceito de consolação, mas apresenta algumas descrições, pois
cada pessoa fará sua própria experiência. Duas notas caracterizam a consolação
espiritual: “por um lado a participação do corpo; por outro, a presença de Deus
e, mais em particular, do Senhor Jesus”[20].
A consolação espiritual é um dom do Deus Consolador. Mas Inácio também
reconhece por experiência própria que surgirão as desolações como um fenômeno
novo que o orientando precisa reconhecer com a ajuda do orientador. Por desolação
Inácio entende
escuridão
interna, perturbação, moção para coisas baixas e terrenas, inquietude com
diversas agitações e tentações, movendo à desconfiança, sem esperança, sem
amor, achando-se a pessoa toda preguiçosa, tíbia, triste e como que separada de
seu Criador e Senhor (EE 317).
Uma das
características da desolação é o fechar o coração para Deus, o distanciar-se de
Deus. Por outro lado, a desolação é, por vezes, um meio de aprofundar a relação
de amor com Deus. Neste sentido, pode-se dizer que, por vezes, a desolação é
pedagógica. O paradoxo é que a desolação nunca é de Deus e, contudo, pode ser
um meio de desenvolvimento espiritual muito eficaz.[21]
O esforço na desolação será de lutar de várias maneiras contra ela, ou seja,
fazendo o oposto que sugere o mau espírito. Conhecendo as artimanhas do “inimigo
da natureza humana” o orientando vai se preparando e se dispondo para a
consolação que virá. Inácio oferece quatro táticas diante da desolação (da 5ª a
8ª regra), a saber: 1) “Nunca fazer mudança” diante da forma de vida ou decisão
tomada na precedente consolação de Deus (regra 5ª EE 318), pois na desolação
guia mais o mau espírito; 2) “Mudar-se intensamente contra a mesma desolação”
(regra 6ª EE 319) insistindo na oração, meditação, exame pessoal e alguma
penitência; 3) A terceira tática convida a lembrar que Deus está sempre
presente com sua graça e não abandona a pessoa mesmo em meio a provação. Diz
Inácio: “quem está na desolação considere como o Senhor, nesta provação, lhe
deixou o uso de suas potências naturais para que resista às várias agitações do
inimigo” (regra 7ª EE 320). Importante estar ciente que o Senhor mantém a
“graça suficiente” para suportar a provação, portanto, é preciso renovar a fé e
confiança nEle; 4) Na quarta tática Inácio convida a ter paciência, ser perseverante
nas práticas de oração, meditação exame pessoal e penitência, porque “logo será
consolado” (regra 8ª EE 321).
A sexta regra insiste
mais na oração para não fechar-se em si mesmo, mas lançar-se para Deus. O
examinar-se, para Inácio não é pura introspecção, mas sempre um examinar-se sob
o olhar do Senhor (EE 75). É preciso recordar que Inácio dá essas recomendações
dentro do contexto dos Exercícios Espirituais, poderia ter dado outras se a pessoa
estivesse em outro contexto. Um exemplo nesta perspectiva é a do próprio Inácio,
quando desolado e com escrúpulos sobre os pecados do passado dá um passo com a
ajuda do seu confessor certificando-se de uma vida nova na misericórdia divina.[22]
Na desolação é preciso confiar que com o auxílio divino pode-se resistir as
tentações do inimigo. Na regra oitava é salientada a necessidade da paciência,
pois em breve a pessoa receberá consolação.
Inácio na regra 9ª fala sobre as causas
da desolação como a tibieza e negligência, mas recorda que da desolação pode-se
tirar vários proveitos espirituais, como o de reconhecer a ação divina e ter um
relacionamento mais íntimo e autêntico com Deus. Também lembra ainda que as
consolações e desolações se alternam na vida espiritual e se sucedem umas às
outras (cf. regras 10ª e 11ª - EE 323 e 324). Importante notar em Inácio, como
em outros santos a importância da humildade como requisito fundamental para o
progresso espiritual. Na consolação será preciso permanecer na humildade e
gratidão e, na desolação, será preciso não perder a confiança no Senhor ao confiar
apenas em si mesmo. A alternância de consolação e desolação forma uma espécie
de contraste de luz e sombras, permitindo a pessoa enxergar melhor o caminho
que Deus conduz.[23]
Na conclusão da primeira série de regras
Inácio mostra como o mau espírito age e como combatê-lo. Primeiramente, o mau espírito
tem uma força aparente, pois é “próprio do inimigo enfraquecer-se e perder o
ânimo, desaparecendo com suas tentações, quando quem se exercita nas coisas
espirituais enfrenta com muito ânimo as tentações do inimigo, fazendo o diametralmente
oposto” (12ª regra EE 325). Inácio sabe, com toda a tradição espiritual, que o
mau espírito não pode atuar no mais íntimo do ser humano, isso “é próprio de
Deus” (EE 329). Inácio também alerta para uma segunda tática do inimigo que
prefere que as tentações, as dúvidas e, por vezes o desespero sejam mantidos em
segredo atuando como um sedutor ou falso amante. Diz Inácio:
O inimigo procede também como um sedutor, querendo
permanecer escondido, sem ser descoberto. (...) quer e deseja que suas astúcias
e insinuações sejam recebidas e conservadas em segredo pela pessoa justa. Mas
muito lhe pesa, quando ela as descobre a seu bom confessor, ou a outra pessoa
espiritual, que conheça seus enganos e malícias, pois conclui que não poderá
levar adiante sua malícia começada, uma vez que foram descobertos seus
manifestos enganos (EE 326).
Percebe-se que
as tentações que pareciam tão poderosas enquanto estavam em segredo perdem a
sua força ao serem reveladas e assim podem ser examinadas, rejeitadas e
tratadas com o auxílio de “um confessor, ou outra pessoa espiritual”, isto é,
que conheça as táticas do mau espírito. Será preciso que o orientando tenha
total transparência e sinceridade. Por fim, Inácio lembra que o inimigo “nos
ataca, procurando vencer-nos, onde nos acha mais fracos e necessitados para a
salvação eterna” (regra 14ª EE 327). Utilizando-se nestas três últimas regras do
recurso das comparações Inácio, ainda aponta que o inimigo atua como um
“comandante militar”, pois sabe exatamente onde estão os pontos fracos do
inimigo e mira neles. Estas últimas três regras em forma de parábolas da
Primeira Semana apresentam três aspectos vitais da vida espiritual: o nível de
decisão, a transparência e a vigilância espiritual.[24]
Nestas regras o orientando é convidado a conhecer bem a si mesmo, saber
discernir em primeira instância as consolações e desolações, se fortalecer e
prosseguir o caminho espiritual confiando em Deus.
As
Regras da Segunda Semana dos Exercícios Espirituais (EE 328-336)
Seguindo a
Segunda Semana o orientando levará em conta as regras da semana anterior, pois
continuará tendo desolações, que são mais intensas na Primeira Semana, porém a
segunda série de regras irá ajudar mais especificamente a discernir sobre a
verdadeira consolação e a falsa consolação. Será necessário “um ouvido
espiritual mais afinado que capte as matizes dos sentimentos espirituais”[25].
O foco da Segunda Semana passa do “autoconhecimento para o conhecimento de Deus
em Cristo Jesus”[26].
Neste processo, a pessoa já tem uma caminhada espiritual e conhecimento de
Cristo. Portanto, será preciso, nesta etapa, desvelar o mal que se apresentará
sob a aparência de bem (EE 10 e 2Cor 11,14) para optar pelo bem.
Na 1ª regra das
oito regras da Segunda Semana assim é exposto: “é próprio de Deus e dos seus
anjos dar verdadeira alegria e gozo espiritual” (EE 329). Neste sentido, fica
muito claro que a verdadeira consolação só pode vir de Deus. Porém, se antes o inimigo
inquietava o orientando com falsas razões (EE 315), agora inquieta com razões
aparentes, ou seja, com falsas consolações que não vem de Deus. “Deve-se ter em
conta que o mau espírito somente usurpa consolações, mas não as pode dar.”[27]
Discernindo sobre a verdadeira consolação Inácio deixa claro que “somente Deus
nosso Senhor dá consolação a uma pessoa sem causa precedente” (2ª regra EE
330), continua, “digo ‘sem causa’ quando não há nenhum prévio sentimento e
conhecimento pelo qual venha essa consolação, por meio dos atos de entendimento
e vontade da pessoa” (EE 330). Significa pois, que vem à pessoa sem pensamentos
ou imagens que geralmente acionam uma experiência de paz.[28] A verdadeira consolação sempre faz a
pessoa sair de si mesmo, abrir-se aos demais e ao mundo.[29]
Vê-se que “tanto o bom anjo quanto
o mau podem consolar com causa” (3ª regra EE 331), portanto será preciso
examinar bem o contexto desta consolação com causa.
As regras 4ª,
5ª, e 6ª da Segunda Semana ajudam a discernir as tentações sob aparência de bem.
“É próprio do mau anjo, assumindo a aparência de anjo de luz, introduzir-se junto
à pessoa devota para tirar vantagem própria.” (EE 332). Por vezes, aparecerão “ideais
exagerados”[30] e
fervorosos aparentemente bons, porém originados do “inimigo da natureza
humana”. Assim é exposto na 5ª regra:
Devemos
dar muita atenção ao curso de pensamentos: se o princípio, o meio e o fim forem
inteiramente bons inclinados a todo bem, este é sinal do bom anjo. Mas, se o
curso dos pensamentos termina em alguma coisa má, ou que distrai, ou menos boa
do que a pessoa se havia proposto a fazer, ou a enfraquece, inquieta, ou
perturba, tirando-lhe a paz, a tranquilidade e quietude, que antes tinha, é
sinal claro de que procede do mau espírito, inimigo do nosso proveito e
salvação eterna (EE 333).
Objetivamente, o
princípio que Inácio fala na 5ª regra deve ser bom, os meios devem ser honestos
e o fim deve ser a glória de Deus e o bem das pessoas. Subjetivamente, é
preciso que haja consolação no início, meio e fim.[31] Será
preciso para discernir a origem da consolação, saber qual a sua orientação, ou
seja, perceber se esta aproxima ou afasta a pessoa de Deus. Se o final não for
bom a consolação inicial é falsa. Neste aspecto, o próprio Evangelho recorda:
“pelos seus frutos os reconhecereis” (Mt 7,16).
Na 6ª regra
Inácio adverte que conhecendo as astúcias do inimigo, “sua cauda de serpente”[32], o
orientando “guarde-se, doravante, de seus costumeiros enganos” (EE 335). Aqui
está presente uma sabedoria tão antiga e atual: aprender com os próprios erros.
Com o tempo será possível prever os modos que as tentações aparecem, isto é,
adquirir uma sensibilidade espiritual. Por fim, na 8ª regra, Inácio convida a
discernir com muita atenção o que segue a consolação sem causa, pois pode ser
que “o próprio curso habitual e as deduções de seus conceitos e juízos, se deem
sob a influência do bom ou do mau espírito” (EE 338).
Vê-se que este
conjunto unitário de regras de discernimento apresentadas não é um manual ou
receita para nunca errar, mas uma ajuda para que orientador e orientando possam
aprender dos próprios erros, possam conhecer-se nas forças, fraquezas e
reações, possam compreender como Deus atua em suas vidas e os modos de ação do
“mau espírito”.[33]
Contribuições
das regras inacianas na orientação espiritual
As regras de
discernimento inacianas se situam dentro do contexto de quem realiza os
Exercícios Espirituais, portanto a mediação do orientador é indispensável. Um
primeiro aspecto que as regras recordam é que não se faz o discernimento
sozinho. A necessidade de um orientador remete à tradição cristã de contar com o
auxílio de uma pessoa experiente no seguimento a Cristo e que ajude a clarear
as moções para o discernimento cotidiano. A prática do discernimento espiritual
inaciano exige confronto ou acompanhamento com um orientador que tenha
experiência espiritual, que seja discreto e digno de confiança.[34]
As regras inacianas convidam a redescobrir a importância do acompanhamento
espiritual num tempo de exacerbado individualismo e crise de alteridade. Inácio
deixa muito claro ao orientador: “não opte nem se incline a uma parte ou a
outra, mas, ficando no meio, como o fiel de uma balança, deixe o Criador agir
imediatamente com a criatura e a criatura com seu Criador e Senhor” (EE 15). Existe,
de fato, a necessidade do orientador, mas o orientando não poderá depender
totalmente dele. É preciso reconhecer que Deus age diretamente na vida da
pessoa e, ao mesmo tempo, reconhecer a necessidade de um orientador que ajude
no discernimento. Segundo Green, o objetivo do orientador, “não é tornar as pessoas
dependentes dele, mas ajudá-las a tornarem-se pessoas que oram com
discernimento”[35]. O
papel do orientador será contemplar a ação de Deus no orientando. De acordo com
Tejada, a missão do orientador é receber as comunicações do orientando sobre
suas moções; “confirmar ou desenganar-lhe a tempo, animá-lo sempre...; e nunca
substituí-lo, orientando-o numa direção determinada”[36].
Na orientação espiritual o foco deve ser o orientando e sua relação com Deus. O
orientador não deverá dar conselhos ou receitas, mas ajudar para que o encontro
entre Deus e o orientando aconteça.[37]
Da parte do orientando, é necessário que ele tenha abertura e desejo de Deus, que
ele ofereça todo seu querer e liberdade (EE 5).[38]
Será indispensável, por sua vez, a fidelidade à oração, lugar de encontro com
Deus, pois não há também discernimento sem a oração. Só será possível uma orientação
espiritual, quando existir oração, isto é, um relacionamento consciente e
pessoal com Deus. O eixo central da missão do orientador será ajudar o
orientando a ter esta experiência pessoal com Deus.
Na Primeira
Semana, ou num contexto de uma pessoa que inicia o processo de conversão, o
papel do orientador diante do orientando será: 1) ajudá-lo a sentir, perceber,
ou dar-se conta das moções interiores, que esteja atento aos sentimentos; 2)
discernir a sua origem, sua orientação, e definir se são boas, quando provém do
bom espírito e, más quando provém do mau espírito; 3) com liberdade interior[39] acolher
as boas moções e repudiar as más, discernindo a vontade de Deus, ordenando toda
a vida a Ele. Evidente que neste processo o orientador deverá respeitar e
adaptar-se ao ritmo de cada pessoa (Cf. EE18). Inácio recomenda conhecer bem o
orientando para apresentar sugestões conforme as necessidades e capacidades do
mesmo. Tais aspectos podem ser verificados nas Anotações (EE 6-18).
Na desolação o
orientador necessita insistir para que o orientando não tome decisões até que
se tenha retornado à consolação espiritual e as decisões tomadas no tempo da
consolação no íntimo do coração.[40]
Ainda na desolação o orientador deverá acompanhar de modo “brando e
suave, dando-lhe ânimo e forças para ir adiante” (EE 7). É preciso compreender
que, por vezes, a desolação é pedagógica como já foi abordado, ou seja, uma
provação da relação que se tem com Deus, tornando a pessoa mais humilde,
realista, confiante e agradecida. É pela própria experiência que a pessoa
deverá distinguir quando uma desolação é de Deus. Muito importante será encorajar
o orientando na desolação e lembrá-lo que contará com a graça suficiente para
poder resistir às moções que tentam afastá-lo de Deus.[41]
Outro aspecto
importante é da necessidade de abertura ao orientador espiritual, pois quando
são colocadas às claras as tentações, elas perdem sua força, podendo ser
analisadas, tratadas e rejeitadas (Cf. EE 326). Essa transparência é um
elemento-chave para a que a orientação espiritual aconteça. Importante que o
orientando não se feche em si mesmo e mantenha o orientador informado dos
movimentos interiores (Cf. EE17). Também
é preciso recordar ao orientando que, no tempo da consolação, poderão vir
novamente desolações que fazem parte da dinâmica do processo espiritual. Inácio,
com sabedoria e prudência, quer recordar a importância da humildade no tempo da
consolação.
Na Segunda
Semana, ou no contexto de uma pessoa que já tem uma caminhada de seguimento a
Cristo, o orientador poderá apresentar as regras próprias diante das tentações “sob
aparência de bem” (EE10). Uma maneira de discernir a consolação será verificar
a sua orientação, ou seja, se aproxima ou afasta de Deus e de seu Reino. Se a
consolação faz com que a pessoa tome uma decisão, cujo fim não é bom, a
consolação é falsa. O orientador terá que ajudar o orientando a discernir a
verdadeira consolação e alertá-lo que, por trás de ideais exagerados, está o
egocentrismo e a autossuficiência, cujo fim não é a maior glória de Deus e o nem
o bem da própria pessoa. Analisando o começo, meio e fim de uma consolação será
possível identificar, por vezes, a presença do mau espírito. O orientador,
neste contexto, “deve ser muito experiente neste maior discernimento, precisa
ser um observador atento que oferece indicações, mas permanece com grande
respeito contemplando a ação de Deus” [42].
Segundo Arzubiarde, em duas ocasiões
o orientador deverá ajudar o orientando: quando este corre o perigo de
afundar-se na tristeza, para que aprenda a desvelar o mundo das auto
justificações e enganos de seu amor próprio; ou com o fim de distinguir com
nitidez a verdadeira alegria de Deus como guia de seu caminhar. Terá de
desmascarar os mecanismos de defesa e de racionalização, assim como a
especificidade de determinadas alegrias que não conduzem ao verdadeiro amor.[43]
É preciso
lembrar que o orientador discerne de maneira independente do orientando e com
as regras de discernimento poderá ajudar o mesmo a perceber e a clarificar, de
modo concreto, na sua vida, as desolações (as artimanhas do mau espírito) e as
consolações e seus sinais. Com verdadeira liberdade interior o orientador será
como um “diácono do Espírito”[44],
ajudando o orientando a optar por Deus e seu Reino, elegendo um estado de vida
ou “reformando”, renovando sua vida.
Conclusão
O discernimento
está cotidianamente presente na vida cristã. Inácio através de suas regras e,
com a tradição da espiritualidade cristã, sistematiza o processo de
discernimento. As regras inacianas apresentam uma espiritualidade encarnada
numa antropologia integrada, isto é, da pessoa que experimenta Deus, o
Transcendente, numa linguagem imanente, isto é, numa linguagem acessível,
através das moções, os insights,
sentimentos, etc. As regras também ajudam na missão do orientador de confrontar,
ajudar a discernir e perceber os sinais de consolação, desolação, inclusive, da
falsa e verdadeira consolação, no orientando. No tempo da consolação, estando
Deus presente e aconselhando intimamente, o orientando pode discernir e desejar
com mais clareza sua vontade e, com a ajuda do orientador, vai adquirindo um
coração discernente e sintonizando-o com o coração de Deus.
Embora as regras
se situem no contexto da Primeira e Segunda Semana dos Exercícios Espirituais,
pode-se dizer que elas são aplicáveis para o discernimento cotidiano do cristão,
pois o discernimento é para toda a vida. Enfim, estas regras são uma riqueza
para todos que buscam Deus e, embora se utilize muitos termos próprios da época,
são muito atuais. Fica o convite de aprofundá-las ainda mais na reflexão e
aplicá-las na prática da orientação espiritual.
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R. Paiva. São Paulo: Loyola, 2006.
HAIGHT, Roger. Espiritualidade Cristã para Buscadores:
Reflexões sobre os Exercícios Espirituais
de Inácio de Loyola. Petrópolis: Vozes, 2015.
MALDONER, Maria
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da vida de Cristo e conhecimento espiritual. São Paulo: Loyola, 2012.
MARTIN, James. A sabedoria dos jesuítas para (quase) tudo:
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TEJADA,
Dario López. Los Ejercicios Espirituales
de San Ignacio de Loyola: Comentario y textos afines. Madrid: EDIBESA,
2002.
[1] Bacharel em
Filosofia pela Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, Bacharel em
Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre e aluno do curso de Pós Graduação Latu
Sensu em Espiritualidade Cristã e Orientação Espiritual pela Faculdade
Jesuíta de Filosofia e Teologia, Belo Horizonte.
[2] INÁCIO DE LOYOLA, Santo. Exercícios Espirituais. Trad.
de R. Paiva. 7. ed. São Paulo: Loyola, 2013. “Exercícios Espirituais” será abreviado
como “EE”.
[3]INÁCIO DE LOYOLA, Santo. O Relato do
Peregrino. Nova edição do título anterior. Autobiografia
de Santo Inácio de Loyola. Tradução: R. Paiva.
São Paulo: Loyola, 2006, n. 5.
[6] Inácio utiliza a linguagem
enraizada na cosmologia bíblica dos espíritos bons e maus (cf. CUSTÓDIO, 1994,
p. 65). O contexto medieval em que Inácio viveu apresenta a forte tensão entre
o mau espírito e o bom espírito. De um lado estão presentes “os preconceitos,
os apegos, os vícios e os defeitos que controlam a liberdade e inibem a
autotranscendência; do outro lado, as ideias, valores e projetos dignos que
chamam a liberdade para fora de si mesma” (HAIGHT, Roger. Espiritualidade Cristã para Buscadores: Reflexões sobre os Exercícios Espirituais de Inácio de
Loyola. Petrópolis: Vozes, 2015, p. 347).
[7] As moções espirituais “são
pensamentos que vêm de fora, não tem origem no próprio querer e liberdade da
pessoa e movem a pessoa a agir e deixam ou produzem, também, uma repercussão
afetiva. Originam-se do próprio Deus e dos seus bons espíritos ou, ao
contrário, dos instintos egoístas, do mal ou dos maus espíritos. A atuação dos
espíritos (Deus e seus anjos; o mal em todas as suas manifestações) acontece no
âmago da pessoa humana, por essa realidade que Santo Inácio chamou de moções espirituais”. (FREITAS,
Paulo Pereira de. Moções, Consolações,
Desolações Espirituais. Itaici: Revista de Espiritualidade Inaciana, n. 58,
p. 75-83, dez. 2004, p. 75-76).
[9] CUSTÓDIO FILHO, Spencer. Os Exercícios Espirituais de Santo Inácio
de Loyola: Um manual de estudo. São Paulo: Loyola, 1994, p. 63.
[10]MARTY, François. Sentir e Saborear: os sentidos nos
"Exercícios Espirituais" de Santo Inácio de Loyola. São Paulo:
Loyola, 2006, p. 112.
[11]Inácio descreve “a ‘linguagem de
Deus’ pelas características fenomenológicas que o homem experimenta; que não
são outra coisa que o reflexo psicológico da intensificação dos vínculos de
comunhão e da relação de amor e amizade: a fé, a esperança e a caridade”.
(ARZUBIALDE, Santiago. Ejercicios
Espirituales de S. Ignacio. Historia y Análisis. Bilbao- Santander: Mensajero-Sal
Terrae, 1991, p. 620).
[12]Cf. MARTIN, James. A sabedoria dos jesuítas para (quase) tudo:
Espiritualidade para a vida cotidiana. Trad. Joel de Macedo. Rio de Janeiro:
Sextante, 2012, p. 55.
[13]Ibidem, p. 14.
[14]HAIGHT, Espiritualidade Cristã para Buscadores, p. 93.
[15]Cf. FIORITO, Miguel A. Discernimento e luta espiritual: Comentários às Regras para
discernir da Primeira Semana dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de
Loyola. Trad. Jesús Hortal. São Paulo: Loyola, 1990, p. 17.
[16]Contextualizando na tradição
espiritual, a Primeira Semana dos Exercícios Espirituais se associa a via
purgativa, a segunda Semana a via iluminativa e, a Terceira e Quarta Semana, a
via unitiva.
[17]Cf. FIORITO, Discernimento e luta espiritual, p. 52.
[18]INÁCIO DE LOYOLA, O Relato do Peregrino, n. 20.
[19]Ver: INÁCIO DE
LOYOLA, Santo. Diário Espiritual de
Santo Inácio de Loyola. Trad. R. Paiva. São Paulo: Loyola, 2007.
[21]Cf.
GREEN, Thomas H. Ervas daninhas entre o
trigo. Discernimento: onde oração e ação se encontram. Trad. Luiz Carlos
Borges. São Paulo: Loyola, 2005, p. 107.
[22]Cf. INÁCIO DE LOYOLA, O Relato do Peregrino, n. 25.
[23]Cf. MALDONER, Maria Fátima;
PAIVA, R. Cristo: Mistérios da vida
de Cristo e conhecimento espiritual. São Paulo: Loyola, 2012, p. 56.
[24]Cf. ARZUBIALDE, Ejercicios
Espirituales de S. Ignacio, p. 683.
[25]RAMBLA, Josep M.
Ejercicios Espirituales de San Ignacio
de Loyola. Uma relectura del texto (3). Barcelona: Cristianisme i Justícia,
2014, p. 41.
[26]GREEN, Ervas
daninhas entre o trigo, p. 95.
[27]CABARRÚS, Carlos
R. A Pedagogia do discernimento: A
ousadia de “deixar-se levar”. Trad. Maria S. Gonçalves e Adail U. Sobral. São
Paulo: Loyola, 1991, p. 37.
[28]GREEN, Ervas
daninhas entre o trigo, p. 132. Ainda sobre experiência de consolação
extraordinária ver: INÁCIO DE LOYOLA, Diário Espiritual de Santo Inácio de
Loyola, n. 222.
[29]Cf. RAMBLA,
Ejercicios Espirituales de San Ignacio de Loyola, p. 41.
[31]Cf. EE 333, Nota
de rodapé, n. 284.
[32]“Segundo São
Jerônimo, a cabeça da serpente simboliza a sugestão – tentação, o seu corpo, o
consentimento; e a cauda, a execução da obra.” (EE 334, Nota de rodapé, n. 285).
[33]Cf. RAMBLA,
Ejercicios Espirituales de San Ignacio de Loyola, p. 43.
[34]Cf.
GONZÁLES-QUEVEDO, Luís. Discernimento
espiritual – As Regras inacianas. São Paulo: Loyola, 2013, p. 110.
[36]TEJADA, Dario
López. Los Ejercicios Espirituales de
San Ignacio de Loyola: Comentario y textos afines. Madrid: EDIBESA, 2002,
p. 834.
[37]FREITAS, Moções,
Consolações, Desolações Espirituais, p. 81.
[38]É preciso
recordar que a busca da vontade de Deus não é um “programa” decidido por Deus
mesmo sem contar com o querer e a liberdade da pessoa. Deste modo, a busca da
vontade de Deus pode ser descrita como encontro de duas liberdades. (Cf. GONZÁLES-QUEVEDO,
Discernimento espiritual, p. 108).
[39]Inácio denomina
“indiferença” a compreensão de liberdade interior, ou seja, ser livre de todas
as afeições ou apegos desordenados (Cf. EE 16). Diz Inácio: “É necessário
fazer-nos indiferentes a todas as coisas criadas (...) desejando e escolhendo
somente aquilo que mais nos conduz ao fim para o qual fomos criados” (EE 23).
[40]Cf. FUTRELL,
John Carrol; COWAN, Marion. Como dar um
retiro inaciano: Manual para diretores. São Paulo: Loyola, 1987, p. 139.
[41]Cf. FUTRELL, Como
dar um retiro inaciano, p. 139.
[43]Cf. ARZUBIALDE, Ejercicios
Espirituales de S. Ignacio, p. 703.
[44]MORO, Ulpiano
Vásquez. A orientação espiritual:
mistagogia e teografia. São Paulo: Loyola, 2001, p. 36.
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