A ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL À LUZ DAS REGRAS DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA

A ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL À LUZ DAS REGRAS DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA
Lucas Antônio Mazzochini[1]

Resumo
No atual contexto eclesial percebe-se a necessidade e a importância do discernimento cotidiano na e para a vida do cristão. Diante da abrangente riqueza da tradição inaciana no campo da orientação espiritual, este artigo pretende analisar as regras de discernimento dos espíritos no contexto da Primeira e Segunda Semana dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola (Exercícios Espirituais, n. 313 – 336)[2] como instrumento e auxílio para o cotidiano dos orientadores espirituais. Tais regras são frutos da vivência espiritual de Inácio e apresentam importantes aspectos da espiritualidade cristã de um modo geral. Elas oferecem, tanto para o orientador como para o orientando, advertências e conselhos na arte do discernimento espiritual cotidiano.

PALAVRAS - CHAVES: Espírito. Consolação. Desolação. Discernimento.

 Introdução à linguagem espiritual de Santo Inácio de Loyola

Inácio de Loyola após ter sido ferido por uma bala de canhão durante uma batalha em Pamplona no ano de 1521, permaneceu longo tempo enfermo. Durante este tempo quis ocupar-se com alguma leitura. Como não encontrara livros que tinha o hábito de ler (os romances de cavalaria), “deram-lhe, então, uma Vida de Cristo e um livro da vida dos Santos”[3]. De fato, Inácio tinha outras pretensões em sua vida, mas as leituras que havia feito da vida de Cristo e dos santos começaram a questioná-lo. Perguntava-se a si mesmo: “E se eu fizesse isso que praticou São Francisco? Ou isto que São Domingos realizou?”[4]. Deste modo, começou a pensar na possibilidade de realizar o que os santos realizaram em suas vidas e, ao mesmo tempo, pensava em outros assuntos. Inácio “por experiência, aprendeu que alguns pensamentos o deixavam tristes e outros, alegre. Assim, pouco a pouco, chegou a conhecer a diversidade dos espíritos que o moviam: um do demônio e outro de Deus”[5]. Evidente que os termos que Inácio usa devem ser contextualizados na época em que viveu[6]. Entretanto, o foco central é o insight que Inácio teve, ou seja, perceber os movimentos interiores que aconteciam dentro de si e que o atraíam para algo, isto é, as moções[7] que procedem do bom espírito ou do mau espírito. Neste sentido, “Inácio sentiu que estava sendo lentamente ensinado por Deus” [8]. Ora, será necessário sentir e conhecer, isto é, discernir, a origem das várias moções para receber as boas, que procedem de Deus e rejeitar as más (cf. EE 313). Aqui entra a arte de discernir que requer, primeiramente, um reconhecimento dos próprios sentimentos. Segundo Pe. Spencer, Inácio tem certeza de que Deus “se comunica com o ser humano e é no seu íntimo, nos sentimentos, que a pessoa experimenta as graças provenientes dessa comunicação” [9]. Os sentimentos são, portanto, a matéria-prima para o discernimento. Muito significativo Inácio utilizar os verbos sentir e conhecer para discernir as moções de uma maneira integradora e complementar. Não é algo puramente racional, mas também “um sentir daquilo que convêm ou não convêm, marcado especialmente pelo jogo das consolações e desolações, ali onde as razões não decidem”[10]. Deus se comunica com a pessoa através de uma linguagem[11] que ela possa entender, ou seja, através das emoções, insights, memórias, sentimentos e desejos. Também o desejo aparece como uma das principais maneiras da voz de Deus ser ouvida na vida da pessoa, uma vez que o desejo mais profundo da pessoa é o próprio desejo por Deus.[12] Inácio valoriza os sentidos de um modo geral quando diz que “não é o muito saber que sacia e satisfaz a pessoa, mas o sentir e saborear as coisas internamente” (EE 2). James Martin apresenta quatro elementos importantes para se situar e compreender a espiritualidade inaciana e, consequentemente, as regras do discernimento dos espíritos: “encontrar Deus em tudo, tornar-se um contemplativo em ação, enxergar o mundo na perspectiva da encarnação e desejar liberdade e desapego”[13].
De um modo geral, as regras que serão apresentadas a seguir oferecem “insight contínuo das formas de se ganhar autoconhecimento e liberdade”[14] para, num segundo momento, tomar decisão de vida, que num sentido mais profundo Inácio denominará eleição ou reforma de vida, sempre no objetivo de escolher a vontade de Deus para em tudo amá-Lo e servi-Lo (cf. EE 233).
  
As Regras da Primeira Semana dos Exercícios Espirituais (EE 313-327)

Inácio apresenta quatro verbos no título de apresentação das regras da Primeira Semana: sentir, conhecer, aceitar e rejeitar. Um discernimento é completo quando é sentida a moção que alguém tem, quando ela é conhecida como boa ou como má e quando se atua consequentemente, aceitando as boas moções e rejeitando as más.[15] Uma moção é boa quando “nos conduz ao fim para o qual fomos criados” (EE 23). Diante da pessoa está os dois caminhos: “Eis que colocarei diante de vós o caminho da vida e o caminho da morte” (Jr 21,8 e Dt 30,15). Aqui se encontra a difícil arte de discernir esses dois caminhos, pois o bem e o mal estão misturados como o joio e o trigo (cf. Mt 13, 24-30). Ainda alerta João em sua carta: “não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se são de Deus” (1Jo 4,1).
Verifica-se que a primeira série de regras da Primeira Semana se adapta a todos que começam um itinerário, um caminho espiritual, quem caminha numa etapa de conversão.[16] Entender os exercícios espirituais como processo é algo similar também com outras tradições da espiritualidade cristã, pois o ser humano é peregrino, caminhante. As regras da Primeira Semana insistirão na contradição entre o bom e o mau espírito. Mas, Inácio recorda na 1ª regra, pela experiência e observação, que neste caminhar está presente “o inimigo da natureza humana” (EE 7) que costuma agir de um determinado modo na pessoa que inicia o itinerário espiritual:

O inimigo costuma propor prazeres aparentes às pessoas que vão de pecado mortal em pecado mortal, fazendo-as imaginar deleites e prazeres sensuais, a fim de mais as manter e aumentar em seus vícios e pecados. Nestas pessoas o bom espírito age de modo contrário, picando e remordendo suas consciências pelo juízo da razão (EE 314).

Já por sua vez, Santo Inácio percebe na 2 ª regra que,

Nas pessoas que vão se purificando intensamente de seus pecados, e subindo de bem a melhor no serviço a Deus nosso Senhor, acontece de modo contrário à 1ª regra. Pois é próprio do mau espírito remorder, entristecer e pôr impedimentos, inquietando com falsas razões para que a pessoa não vá adiante. Enquanto é próprio do bom espírito dar ânimo, forças, consolações, lágrimas, inspirações e quietude, facilitando e tirando todos impedimentos, para a pessoa progredir na prática do bem (EE 315).

Se, nas pessoas que “vão de pecado mortal em pecado mortal”, o mau espírito mantém a pessoa nos seus vícios ou na falsa paz, o bom espírito, por sua vez, age ao contrário com o “juízo da razão”. Se naqueles que vão de “bem a melhor” o mau espírito inquieta com “falsas razões”, por sua vez, o bom espírito dá força e coragem para progredir. O bom espírito com o seu “picar e remorder”, eleva a pessoa a Deus e faz com que volte a ele (Lc 15, 11-32); enquanto o mau espírito com o seu “remorder e causar tristeza”, deprime e fecha a pessoa sobre si mesma e não faz pensar na misericórdia de Deus.[17] Inácio percebe um pensamento que provém do mau espírito quando se vê perguntando a si mesmo: “Como você poderá suportar esta vida durante os setenta anos que você deve viver?” [18]. Resistindo as propostas do inimigo Inácio buscou os frutos do bom espírito: ânimo, forças, consolações, lágrimas, inspirações e quietude. Em Inácio as lágrimas, ou dom das lágrimas, está associada à consolação, sobretudo no seu Diário Espiritual[19]. A pessoa que vai progredindo no caminho espiritual vai recebendo consolações, pois o bom espírito anima e consola enquanto o mau espírito tenta desanimá-la. As primeiras regras pretendem mostrar à qual orientação a pessoa está inclinada: para o bom espírito ou para o mau espírito.  Iniciando o processo espiritual a pessoa vai se interessando pela consolação que Inácio assim esclarece:

Chamo consolação, quando se produz alguma moção interior, pela qual a pessoa se inflama no amor por seu Criador e Senhor, e, portanto, quando não pode amar em si mesma nenhuma coisa criada na face da terra, exceto no Criador de todas elas. E, também quando se derrama lágrimas, motivadas pelo amor do seu Senhor, ou pela dor dos seus pecados, ou pela paixão de Cristo nosso Senhor, ou por outras coisas diretamente ordenadas a seu serviço e louvor. Enfim, chamo consolação todo o aumento de fé, esperança e caridade, bem como toda a alegria interna, que chama e atrai para as coisas celestes e para a salvação da própria pessoa, aquietando-a e pacificando-a em seu Criador e Senhor (EE 316).

Vê-se que Inácio não esgota o conceito de consolação, mas apresenta algumas descrições, pois cada pessoa fará sua própria experiência. Duas notas caracterizam a consolação espiritual: “por um lado a participação do corpo; por outro, a presença de Deus e, mais em particular, do Senhor Jesus”[20]. A consolação espiritual é um dom do Deus Consolador. Mas Inácio também reconhece por experiência própria que surgirão as desolações como um fenômeno novo que o orientando precisa reconhecer com a ajuda do orientador. Por desolação Inácio entende

escuridão interna, perturbação, moção para coisas baixas e terrenas, inquietude com diversas agitações e tentações, movendo à desconfiança, sem esperança, sem amor, achando-se a pessoa toda preguiçosa, tíbia, triste e como que separada de seu Criador e Senhor (EE 317).

Uma das características da desolação é o fechar o coração para Deus, o distanciar-se de Deus. Por outro lado, a desolação é, por vezes, um meio de aprofundar a relação de amor com Deus. Neste sentido, pode-se dizer que, por vezes, a desolação é pedagógica. O paradoxo é que a desolação nunca é de Deus e, contudo, pode ser um meio de desenvolvimento espiritual muito eficaz.[21] O esforço na desolação será de lutar de várias maneiras contra ela, ou seja, fazendo o oposto que sugere o mau espírito. Conhecendo as artimanhas do “inimigo da natureza humana” o orientando vai se preparando e se dispondo para a consolação que virá. Inácio oferece quatro táticas diante da desolação (da 5ª a 8ª regra), a saber: 1) “Nunca fazer mudança” diante da forma de vida ou decisão tomada na precedente consolação de Deus (regra 5ª EE 318), pois na desolação guia mais o mau espírito; 2) “Mudar-se intensamente contra a mesma desolação” (regra 6ª EE 319) insistindo na oração, meditação, exame pessoal e alguma penitência; 3) A terceira tática convida a lembrar que Deus está sempre presente com sua graça e não abandona a pessoa mesmo em meio a provação. Diz Inácio: “quem está na desolação considere como o Senhor, nesta provação, lhe deixou o uso de suas potências naturais para que resista às várias agitações do inimigo” (regra 7ª EE 320). Importante estar ciente que o Senhor mantém a “graça suficiente” para suportar a provação, portanto, é preciso renovar a fé e confiança nEle; 4) Na quarta tática Inácio convida a ter paciência, ser perseverante nas práticas de oração, meditação exame pessoal e penitência, porque “logo será consolado” (regra 8ª EE 321).
A sexta regra insiste mais na oração para não fechar-se em si mesmo, mas lançar-se para Deus. O examinar-se, para Inácio não é pura introspecção, mas sempre um examinar-se sob o olhar do Senhor (EE 75). É preciso recordar que Inácio dá essas recomendações dentro do contexto dos Exercícios Espirituais, poderia ter dado outras se a pessoa estivesse em outro contexto. Um exemplo nesta perspectiva é a do próprio Inácio, quando desolado e com escrúpulos sobre os pecados do passado dá um passo com a ajuda do seu confessor certificando-se de uma vida nova na misericórdia divina.[22] Na desolação é preciso confiar que com o auxílio divino pode-se resistir as tentações do inimigo. Na regra oitava é salientada a necessidade da paciência, pois em breve a pessoa receberá consolação.
Inácio na regra 9ª fala sobre as causas da desolação como a tibieza e negligência, mas recorda que da desolação pode-se tirar vários proveitos espirituais, como o de reconhecer a ação divina e ter um relacionamento mais íntimo e autêntico com Deus. Também lembra ainda que as consolações e desolações se alternam na vida espiritual e se sucedem umas às outras (cf. regras 10ª e 11ª - EE 323 e 324). Importante notar em Inácio, como em outros santos a importância da humildade como requisito fundamental para o progresso espiritual. Na consolação será preciso permanecer na humildade e gratidão e, na desolação, será preciso não perder a confiança no Senhor ao confiar apenas em si mesmo. A alternância de consolação e desolação forma uma espécie de contraste de luz e sombras, permitindo a pessoa enxergar melhor o caminho que Deus conduz.[23]
Na conclusão da primeira série de regras Inácio mostra como o mau espírito age e como combatê-lo. Primeiramente, o mau espírito tem uma força aparente, pois é “próprio do inimigo enfraquecer-se e perder o ânimo, desaparecendo com suas tentações, quando quem se exercita nas coisas espirituais enfrenta com muito ânimo as tentações do inimigo, fazendo o diametralmente oposto” (12ª regra EE 325). Inácio sabe, com toda a tradição espiritual, que o mau espírito não pode atuar no mais íntimo do ser humano, isso “é próprio de Deus” (EE 329). Inácio também alerta para uma segunda tática do inimigo que prefere que as tentações, as dúvidas e, por vezes o desespero sejam mantidos em segredo atuando como um sedutor ou falso amante. Diz Inácio:   
 
O inimigo procede também como um sedutor, querendo permanecer escondido, sem ser descoberto. (...) quer e deseja que suas astúcias e insinuações sejam recebidas e conservadas em segredo pela pessoa justa. Mas muito lhe pesa, quando ela as descobre a seu bom confessor, ou a outra pessoa espiritual, que conheça seus enganos e malícias, pois conclui que não poderá levar adiante sua malícia começada, uma vez que foram descobertos seus manifestos enganos (EE 326).

Percebe-se que as tentações que pareciam tão poderosas enquanto estavam em segredo perdem a sua força ao serem reveladas e assim podem ser examinadas, rejeitadas e tratadas com o auxílio de “um confessor, ou outra pessoa espiritual”, isto é, que conheça as táticas do mau espírito. Será preciso que o orientando tenha total transparência e sinceridade. Por fim, Inácio lembra que o inimigo “nos ataca, procurando vencer-nos, onde nos acha mais fracos e necessitados para a salvação eterna” (regra 14ª EE 327). Utilizando-se nestas três últimas regras do recurso das comparações Inácio, ainda aponta que o inimigo atua como um “comandante militar”, pois sabe exatamente onde estão os pontos fracos do inimigo e mira neles. Estas últimas três regras em forma de parábolas da Primeira Semana apresentam três aspectos vitais da vida espiritual: o nível de decisão, a transparência e a vigilância espiritual.[24] Nestas regras o orientando é convidado a conhecer bem a si mesmo, saber discernir em primeira instância as consolações e desolações, se fortalecer e prosseguir o caminho espiritual confiando em Deus.

As Regras da Segunda Semana dos Exercícios Espirituais (EE 328-336)

Seguindo a Segunda Semana o orientando levará em conta as regras da semana anterior, pois continuará tendo desolações, que são mais intensas na Primeira Semana, porém a segunda série de regras irá ajudar mais especificamente a discernir sobre a verdadeira consolação e a falsa consolação. Será necessário “um ouvido espiritual mais afinado que capte as matizes dos sentimentos espirituais”[25]. O foco da Segunda Semana passa do “autoconhecimento para o conhecimento de Deus em Cristo Jesus”[26]. Neste processo, a pessoa já tem uma caminhada espiritual e conhecimento de Cristo. Portanto, será preciso, nesta etapa, desvelar o mal que se apresentará sob a aparência de bem (EE 10 e 2Cor 11,14) para optar pelo bem.
Na 1ª regra das oito regras da Segunda Semana assim é exposto: “é próprio de Deus e dos seus anjos dar verdadeira alegria e gozo espiritual” (EE 329). Neste sentido, fica muito claro que a verdadeira consolação só pode vir de Deus. Porém, se antes o inimigo inquietava o orientando com falsas razões (EE 315), agora inquieta com razões aparentes, ou seja, com falsas consolações que não vem de Deus. “Deve-se ter em conta que o mau espírito somente usurpa consolações, mas não as pode dar.”[27] Discernindo sobre a verdadeira consolação Inácio deixa claro que “somente Deus nosso Senhor dá consolação a uma pessoa sem causa precedente” (2ª regra EE 330), continua, “digo ‘sem causa’ quando não há nenhum prévio sentimento e conhecimento pelo qual venha essa consolação, por meio dos atos de entendimento e vontade da pessoa” (EE 330). Significa pois, que vem à pessoa sem pensamentos ou imagens que geralmente acionam uma experiência de paz.[28]  A verdadeira consolação sempre faz a pessoa sair de si mesmo, abrir-se aos demais e ao mundo.[29]  Vê-se que “tanto o bom anjo quanto o mau podem consolar com causa” (3ª regra EE 331), portanto será preciso examinar bem o contexto desta consolação com causa.
As regras 4ª, 5ª, e 6ª da Segunda Semana ajudam a discernir as tentações sob aparência de bem. “É próprio do mau anjo, assumindo a aparência de anjo de luz, introduzir-se junto à pessoa devota para tirar vantagem própria.” (EE 332). Por vezes, aparecerão “ideais exagerados”[30] e fervorosos aparentemente bons, porém originados do “inimigo da natureza humana”. Assim é exposto na 5ª regra:

Devemos dar muita atenção ao curso de pensamentos: se o princípio, o meio e o fim forem inteiramente bons inclinados a todo bem, este é sinal do bom anjo. Mas, se o curso dos pensamentos termina em alguma coisa má, ou que distrai, ou menos boa do que a pessoa se havia proposto a fazer, ou a enfraquece, inquieta, ou perturba, tirando-lhe a paz, a tranquilidade e quietude, que antes tinha, é sinal claro de que procede do mau espírito, inimigo do nosso proveito e salvação eterna (EE 333).

Objetivamente, o princípio que Inácio fala na 5ª regra deve ser bom, os meios devem ser honestos e o fim deve ser a glória de Deus e o bem das pessoas. Subjetivamente, é preciso que haja consolação no início, meio e fim.[31] Será preciso para discernir a origem da consolação, saber qual a sua orientação, ou seja, perceber se esta aproxima ou afasta a pessoa de Deus. Se o final não for bom a consolação inicial é falsa. Neste aspecto, o próprio Evangelho recorda: “pelos seus frutos os reconhecereis” (Mt 7,16).
Na 6ª regra Inácio adverte que conhecendo as astúcias do inimigo, “sua cauda de serpente”[32], o orientando “guarde-se, doravante, de seus costumeiros enganos” (EE 335). Aqui está presente uma sabedoria tão antiga e atual: aprender com os próprios erros. Com o tempo será possível prever os modos que as tentações aparecem, isto é, adquirir uma sensibilidade espiritual. Por fim, na 8ª regra, Inácio convida a discernir com muita atenção o que segue a consolação sem causa, pois pode ser que “o próprio curso habitual e as deduções de seus conceitos e juízos, se deem sob a influência do bom ou do mau espírito” (EE 338).
Vê-se que este conjunto unitário de regras de discernimento apresentadas não é um manual ou receita para nunca errar, mas uma ajuda para que orientador e orientando possam aprender dos próprios erros, possam conhecer-se nas forças, fraquezas e reações, possam compreender como Deus atua em suas vidas e os modos de ação do “mau espírito”.[33]  

Contribuições das regras inacianas na orientação espiritual

As regras de discernimento inacianas se situam dentro do contexto de quem realiza os Exercícios Espirituais, portanto a mediação do orientador é indispensável. Um primeiro aspecto que as regras recordam é que não se faz o discernimento sozinho. A necessidade de um orientador remete à tradição cristã de contar com o auxílio de uma pessoa experiente no seguimento a Cristo e que ajude a clarear as moções para o discernimento cotidiano. A prática do discernimento espiritual inaciano exige confronto ou acompanhamento com um orientador que tenha experiência espiritual, que seja discreto e digno de confiança.[34] As regras inacianas convidam a redescobrir a importância do acompanhamento espiritual num tempo de exacerbado individualismo e crise de alteridade. Inácio deixa muito claro ao orientador: “não opte nem se incline a uma parte ou a outra, mas, ficando no meio, como o fiel de uma balança, deixe o Criador agir imediatamente com a criatura e a criatura com seu Criador e Senhor” (EE 15). Existe, de fato, a necessidade do orientador, mas o orientando não poderá depender totalmente dele. É preciso reconhecer que Deus age diretamente na vida da pessoa e, ao mesmo tempo, reconhecer a necessidade de um orientador que ajude no discernimento. Segundo Green, o objetivo do orientador, “não é tornar as pessoas dependentes dele, mas ajudá-las a tornarem-se pessoas que oram com discernimento”[35]. O papel do orientador será contemplar a ação de Deus no orientando. De acordo com Tejada, a missão do orientador é receber as comunicações do orientando sobre suas moções; “confirmar ou desenganar-lhe a tempo, animá-lo sempre...; e nunca substituí-lo, orientando-o numa direção determinada”[36]. Na orientação espiritual o foco deve ser o orientando e sua relação com Deus. O orientador não deverá dar conselhos ou receitas, mas ajudar para que o encontro entre Deus e o orientando aconteça.[37] Da parte do orientando, é necessário que ele tenha abertura e desejo de Deus, que ele ofereça todo seu querer e liberdade (EE 5).[38] Será indispensável, por sua vez, a fidelidade à oração, lugar de encontro com Deus, pois não há também discernimento sem a oração. Só será possível uma orientação espiritual, quando existir oração, isto é, um relacionamento consciente e pessoal com Deus. O eixo central da missão do orientador será ajudar o orientando a ter esta experiência pessoal com Deus.
Na Primeira Semana, ou num contexto de uma pessoa que inicia o processo de conversão, o papel do orientador diante do orientando será: 1) ajudá-lo a sentir, perceber, ou dar-se conta das moções interiores, que esteja atento aos sentimentos; 2) discernir a sua origem, sua orientação, e definir se são boas, quando provém do bom espírito e, más quando provém do mau espírito; 3) com liberdade interior[39] acolher as boas moções e repudiar as más, discernindo a vontade de Deus, ordenando toda a vida a Ele. Evidente que neste processo o orientador deverá respeitar e adaptar-se ao ritmo de cada pessoa (Cf. EE18). Inácio recomenda conhecer bem o orientando para apresentar sugestões conforme as necessidades e capacidades do mesmo. Tais aspectos podem ser verificados nas Anotações (EE 6-18).
Na desolação o orientador necessita insistir para que o orientando não tome decisões até que se tenha retornado à consolação espiritual e as decisões tomadas no tempo da consolação no íntimo do coração.[40] Ainda na desolação o orientador deverá acompanhar de modo “brando e suave, dando-lhe ânimo e forças para ir adiante” (EE 7). É preciso compreender que, por vezes, a desolação é pedagógica como já foi abordado, ou seja, uma provação da relação que se tem com Deus, tornando a pessoa mais humilde, realista, confiante e agradecida. É pela própria experiência que a pessoa deverá distinguir quando uma desolação é de Deus. Muito importante será encorajar o orientando na desolação e lembrá-lo que contará com a graça suficiente para poder resistir às moções que tentam afastá-lo de Deus.[41]
Outro aspecto importante é da necessidade de abertura ao orientador espiritual, pois quando são colocadas às claras as tentações, elas perdem sua força, podendo ser analisadas, tratadas e rejeitadas (Cf. EE 326). Essa transparência é um elemento-chave para a que a orientação espiritual aconteça. Importante que o orientando não se feche em si mesmo e mantenha o orientador informado dos movimentos interiores (Cf. EE17).  Também é preciso recordar ao orientando que, no tempo da consolação, poderão vir novamente desolações que fazem parte da dinâmica do processo espiritual. Inácio, com sabedoria e prudência, quer recordar a importância da humildade no tempo da consolação.
Na Segunda Semana, ou no contexto de uma pessoa que já tem uma caminhada de seguimento a Cristo, o orientador poderá apresentar as regras próprias diante das tentações “sob aparência de bem” (EE10). Uma maneira de discernir a consolação será verificar a sua orientação, ou seja, se aproxima ou afasta de Deus e de seu Reino. Se a consolação faz com que a pessoa tome uma decisão, cujo fim não é bom, a consolação é falsa. O orientador terá que ajudar o orientando a discernir a verdadeira consolação e alertá-lo que, por trás de ideais exagerados, está o egocentrismo e a autossuficiência, cujo fim não é a maior glória de Deus e o nem o bem da própria pessoa. Analisando o começo, meio e fim de uma consolação será possível identificar, por vezes, a presença do mau espírito. O orientador, neste contexto, “deve ser muito experiente neste maior discernimento, precisa ser um observador atento que oferece indicações, mas permanece com grande respeito contemplando a ação de Deus” [42]. Segundo Arzubiarde, em duas ocasiões o orientador deverá ajudar o orientando: quando este corre o perigo de afundar-se na tristeza, para que aprenda a desvelar o mundo das auto justificações e enganos de seu amor próprio; ou com o fim de distinguir com nitidez a verdadeira alegria de Deus como guia de seu caminhar. Terá de desmascarar os mecanismos de defesa e de racionalização, assim como a especificidade de determinadas alegrias que não conduzem ao verdadeiro amor.[43]
É preciso lembrar que o orientador discerne de maneira independente do orientando e com as regras de discernimento poderá ajudar o mesmo a perceber e a clarificar, de modo concreto, na sua vida, as desolações (as artimanhas do mau espírito) e as consolações e seus sinais. Com verdadeira liberdade interior o orientador será como um “diácono do Espírito”[44], ajudando o orientando a optar por Deus e seu Reino, elegendo um estado de vida ou “reformando”, renovando sua vida.

Conclusão

O discernimento está cotidianamente presente na vida cristã. Inácio através de suas regras e, com a tradição da espiritualidade cristã, sistematiza o processo de discernimento. As regras inacianas apresentam uma espiritualidade encarnada numa antropologia integrada, isto é, da pessoa que experimenta Deus, o Transcendente, numa linguagem imanente, isto é, numa linguagem acessível, através das moções, os insights, sentimentos, etc. As regras também ajudam na missão do orientador de confrontar, ajudar a discernir e perceber os sinais de consolação, desolação, inclusive, da falsa e verdadeira consolação, no orientando. No tempo da consolação, estando Deus presente e aconselhando intimamente, o orientando pode discernir e desejar com mais clareza sua vontade e, com a ajuda do orientador, vai adquirindo um coração discernente e sintonizando-o com o coração de Deus.
Embora as regras se situem no contexto da Primeira e Segunda Semana dos Exercícios Espirituais, pode-se dizer que elas são aplicáveis para o discernimento cotidiano do cristão, pois o discernimento é para toda a vida. Enfim, estas regras são uma riqueza para todos que buscam Deus e, embora se utilize muitos termos próprios da época, são muito atuais. Fica o convite de aprofundá-las ainda mais na reflexão e aplicá-las na prática da orientação espiritual.


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[1] Bacharel em Filosofia pela Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, Bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre e aluno do curso de Pós Graduação Latu Sensu em Espiritualidade Cristã e Orientação Espiritual pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, Belo Horizonte.
[2] INÁCIO DE LOYOLA, Santo. Exercícios Espirituais. Trad. de R. Paiva. 7. ed. São Paulo: Loyola, 2013. “Exercícios Espirituais” será abreviado como “EE”.
[3]INÁCIO DE LOYOLA, Santo. O Relato do Peregrino. Nova edição do título anterior. Autobiografia de Santo Inácio de Loyola. Tradução: R. Paiva. São Paulo: Loyola, 2006, n. 5.
[4] Ibidem, n. 7.
[5] Ibidem, n. 8.
[6] Inácio utiliza a linguagem enraizada na cosmologia bíblica dos espíritos bons e maus (cf. CUSTÓDIO, 1994, p. 65). O contexto medieval em que Inácio viveu apresenta a forte tensão entre o mau espírito e o bom espírito. De um lado estão presentes “os preconceitos, os apegos, os vícios e os defeitos que controlam a liberdade e inibem a autotranscendência; do outro lado, as ideias, valores e projetos dignos que chamam a liberdade para fora de si mesma” (HAIGHT, Roger. Espiritualidade Cristã para Buscadores: Reflexões sobre os Exercícios Espirituais de Inácio de Loyola. Petrópolis: Vozes, 2015, p. 347).
[7] As moções espirituais “são pensamentos que vêm de fora, não tem origem no próprio querer e liberdade da pessoa e movem a pessoa a agir e deixam ou produzem, também, uma repercussão afetiva. Originam-se do próprio Deus e dos seus bons espíritos ou, ao contrário, dos instintos egoístas, do mal ou dos maus espíritos. A atuação dos espíritos (Deus e seus anjos; o mal em todas as suas manifestações) acontece no âmago da pessoa humana, por essa realidade que Santo Inácio chamou de moções espirituais”. (FREITAS, Paulo Pereira de. Moções, Consolações, Desolações Espirituais. Itaici: Revista de Espiritualidade Inaciana, n. 58, p. 75-83, dez. 2004, p. 75-76).
[8]  HAIGHT, Espiritualidade Cristã para Buscadores, p. 83.
[9] CUSTÓDIO FILHO, Spencer. Os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola: Um manual de estudo. São Paulo: Loyola, 1994, p. 63.
[10]MARTY, François. Sentir e Saborear: os sentidos nos "Exercícios Espirituais" de Santo Inácio de Loyola. São Paulo: Loyola, 2006, p. 112.
[11]Inácio descreve “a ‘linguagem de Deus’ pelas características fenomenológicas que o homem experimenta; que não são outra coisa que o reflexo psicológico da intensificação dos vínculos de comunhão e da relação de amor e amizade: a fé, a esperança e a caridade”. (ARZUBIALDE, Santiago. Ejercicios Espirituales de S. Ignacio. Historia y Análisis. Bilbao- Santander: Mensajero-Sal Terrae, 1991, p. 620).
[12]Cf. MARTIN, James. A sabedoria dos jesuítas para (quase) tudo: Espiritualidade para a vida cotidiana. Trad. Joel de Macedo. Rio de Janeiro: Sextante, 2012, p. 55.
[13]Ibidem, p. 14.
[14]HAIGHT, Espiritualidade Cristã para Buscadores, p. 93.
[15]Cf. FIORITO, Miguel A. Discernimento e luta espiritual: Comentários às Regras para discernir da Primeira Semana dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola. Trad. Jesús Hortal. São Paulo: Loyola, 1990, p. 17.
[16]Contextualizando na tradição espiritual, a Primeira Semana dos Exercícios Espirituais se associa a via purgativa, a segunda Semana a via iluminativa e, a Terceira e Quarta Semana, a via unitiva.
[17]Cf. FIORITO, Discernimento e luta espiritual, p. 52.
[18]INÁCIO DE LOYOLA, O Relato do Peregrino, n. 20.
[19]Ver: INÁCIO DE LOYOLA, Santo. Diário Espiritual de Santo Inácio de Loyola. Trad. R. Paiva. São Paulo: Loyola, 2007.
[20]FIORITO, Discernimento e luta espiritual, p. 100.
[21]Cf. GREEN, Thomas H. Ervas daninhas entre o trigo. Discernimento: onde oração e ação se encontram. Trad. Luiz Carlos Borges. São Paulo: Loyola, 2005, p. 107.
[22]Cf. INÁCIO DE LOYOLA, O Relato do Peregrino, n. 25.
[23]Cf. MALDONER, Maria Fátima; PAIVA, R. Cristo: Mistérios da vida de Cristo e conhecimento espiritual. São Paulo: Loyola, 2012, p. 56.
[24]Cf. ARZUBIALDE, Ejercicios Espirituales de S. Ignacio, p. 683.
[25]RAMBLA, Josep M. Ejercicios Espirituales de San Ignacio de Loyola. Uma relectura del texto (3). Barcelona: Cristianisme i Justícia, 2014, p. 41.
[26]GREEN, Ervas daninhas entre o trigo, p. 95.
[27]CABARRÚS, Carlos R. A Pedagogia do discernimento: A ousadia de “deixar-se levar”. Trad. Maria S. Gonçalves e Adail U. Sobral. São Paulo: Loyola, 1991, p. 37.
[28]GREEN, Ervas daninhas entre o trigo, p. 132. Ainda sobre experiência de consolação extraordinária ver: INÁCIO DE LOYOLA, Diário Espiritual de Santo Inácio de Loyola, n. 222.
[29]Cf. RAMBLA, Ejercicios Espirituales de San Ignacio de Loyola, p. 41.
[30]CABARRÚS, A Pedagogia do discernimento, p. 26.
[31]Cf. EE 333, Nota de rodapé, n. 284.
[32]“Segundo São Jerônimo, a cabeça da serpente simboliza a sugestão – tentação, o seu corpo, o consentimento; e a cauda, a execução da obra.” (EE 334, Nota de rodapé, n. 285).
[33]Cf. RAMBLA, Ejercicios Espirituales de San Ignacio de Loyola, p. 43.
[34]Cf. GONZÁLES-QUEVEDO, Luís. Discernimento espiritual – As Regras inacianas. São Paulo: Loyola, 2013, p. 110.
[35] GREEN, Ervas daninhas entre o trigo, p. 78.
[36]TEJADA, Dario López. Los Ejercicios Espirituales de San Ignacio de Loyola: Comentario y textos afines. Madrid: EDIBESA, 2002, p. 834.
[37]FREITAS, Moções, Consolações, Desolações Espirituais, p. 81.
[38]É preciso recordar que a busca da vontade de Deus não é um “programa” decidido por Deus mesmo sem contar com o querer e a liberdade da pessoa. Deste modo, a busca da vontade de Deus pode ser descrita como encontro de duas liberdades. (Cf. GONZÁLES-QUEVEDO, Discernimento espiritual, p. 108).
[39]Inácio denomina “indiferença” a compreensão de liberdade interior, ou seja, ser livre de todas as afeições ou apegos desordenados (Cf. EE 16). Diz Inácio: “É necessário fazer-nos indiferentes a todas as coisas criadas (...) desejando e escolhendo somente aquilo que mais nos conduz ao fim para o qual fomos criados” (EE 23).
[40]Cf. FUTRELL, John Carrol; COWAN, Marion. Como dar um retiro inaciano: Manual para diretores. São Paulo: Loyola, 1987, p. 139.
[41]Cf. FUTRELL, Como dar um retiro inaciano, p. 139.
[42] RAMBLA, Ejercicios Espirituales de San Ignacio de Loyola, p. 44.
[43]Cf. ARZUBIALDE, Ejercicios Espirituales de S. Ignacio, p. 703.
[44]MORO, Ulpiano Vásquez. A orientação espiritual: mistagogia e teografia. São Paulo: Loyola, 2001, p. 36.

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