A LECTIO DIVINA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A ORIENTAÇÃO ESPIRITUAL



 Rodrigo Custódio A. Ramos[1] 

            O século passado foi marcado pela redescoberta das Sagradas Escrituras e pelo impulso da espiritualidade bíblica, especialmente pela popularização do método da Lectio Divina como possibilidade de contato com a Palavra de Deus e caminho de oração bíblica. Também para o ministério da orientação espiritual, as últimas décadas foram de grande importância, com forte aceitação nos meios eclesiais, aprofundamento dos métodos e contextualização maior de sua aplicação conforme os tempos atuais.
            Nossa intenção é apresentar o método da Lectio Divina como contribuição para a orientação espiritual, mas a partir da espiritualidade da Aliança de Misericórdia, um Movimento Eclesial fundado no ano 2000. Os membros da Aliança têm uma dedicação especial a evangelização e a acolhida de moradores de rua em várias cidades do Brasil e em outros países, fazendo da meditação da Palavra de Deus um dos recursos principais para a recuperação daqueles que se encontram na drogadição, na violência e na prostituição.
            Num primeiro momento, faremos o levantamento das características do método da Lectio Divina em alguns textos específicos que tratam do tema, abordando também a sua história, seus princípios e dicas para enfrentar as dificuldades que possam aparecer na sua vivência. Em seguida, apresentaremos a Aliança de Misericórdia, sua espiritualidade e seu trabalho com os mais empobrecidos, destacando os pontos principais vivenciados na Lectio Divina dentro do caminho espiritual dos seus membros.
Por fim, aprofundaremos a orientação espiritual como ajuda para as pessoas no seu relacionamento com Deus, abordando como a experiência de oração com a Palavra de Deus, no método da Lectio Divina, pode contribuir para a própria orientação espiritual. Lançaremos também nosso olhar para perceber os frutos que podem ser colhidos na oração pessoal, no crescimento da amizade com o Senhor e na caminhada de fé de quem reza com as Escrituras e se deixa transformar por elas.

O método da Lectio Divina

            A Lectio Divina ou a leitura orante da Palavra de Deus é uma forma de oração bíblica, por meio da leitura, meditação e oração das Sagradas Escrituras, num diálogo profundo com Deus, conduzido pelo Espírito Santo. Vivenciado pelos cristãos desde o início do Cristianismo, atualmente o método é muito conhecido e popularmente divulgado nos ambientes eclesiais, tendo sua formulação inicial no período da Patrística e recebendo um forte impulso a partir do Concílio Vaticano II, na redescoberta da espiritualidade bíblica.
            Muitos autores escreveram sobre a Lectio Divina ao longo das últimas décadas, comentando sobre a história do método e explicando-o passo a passo, conforme a tradição da Igreja. Apresentaremos as contribuições do Cardeal Dom Cláudio Hummes, Prefeito Emérito da Congregação para o Clero; de Maria Paola Olla, co-fundadora da Aliança de Misericórdia; e, do Pe. Isac Isaías Valle, professor de Teologia Dogmática da Arquidiocese de Sorocaba.
            No seu texto “Padres para a Nova Evangelização”, o Cardeal Hummes dedica dois capítulos para falar da importância da Palavra de Deus na vida sacerdotal e do método da Lectio Divina. Para ele,

a leitura da Palavra de Deus requer um contexto espiritual próprio para que dela possamos colher o que Deus nos quer comunicar. Ele é um Deus que fala aos seres humanos, mas é no Espírito Santo que podemos escutá-lo, entendê-lo e responder-lhe. Como abrir-se ao Espírito, ler a Sagrada Escritura, nela encontrar a Deus e nutrir nossa fé, é o que o método da Lectio Divina quer oferecer (HUMMES, 2013, p. 93).
           
O método da Lectio Divina tem raízes no judaísmo, onde os judeus piedosos buscavam o encontro com Deus por meio da leitura, meditação e oração da Torah. Os primeiros cristãos herdaram esta forma de rezar com as Escrituras, mas com a novidade de compreender o Antigo Testamento à luz de Jesus Cristo. Para os cristãos, Jesus é o Logos de Deus, o Verbo encarnado, a verdade definitiva revelada pelo Pai.
            No século III, o termo Lectio Divina será encontrado nos escritos de Orígenes. Tanto ele como os Padres da Igreja deste período histórico praticavam, pessoalmente e com seus discípulos, a leitura orante das Escrituras e escreveram inúmeros comentários importantes aos textos bíblicos. Essa forma de rezar acabou tornando-se um caminho privilegiado de oração e de experiência com Deus, praticado com muita força entre os Padres do Deserto e nos mosteiros nos séculos seguintes. Na vida monástica, havia grande zelo pela leitura e meditação das Escrituras, indicando aos monges que durante o trabalho manual pudessem praticar a ruminação do texto lido e meditado e se buscasse a contemplação da Palavra rezada. Somente no século XII é que o abade cartuxo Guigo II elaborará o método da Lectio Divina em quatro etapas, na forma como hoje o conhecemos: leitura, meditação, oração e contemplação. O método foi chamado como escada dos monges ou escada do paraíso (cf. HUMMES, 2013, p. 94-95).
            Este método de oração com as Escrituras é especial pois não se trata somente de uma leitura qualquer, mas de uma leitura da Palavra de Deus que está contida na bíblia. Por isso, poderíamos dizer que se trata de uma leitura divina, onde Deus fala ao ser humano e este pode, por sua vez, responder-lhe num diálogo profundo de amor. Deus toma a iniciativa diante do ser humano, sem levar em conta suas faltas ou seus pecados. Ele vem ao nosso encontro “como um Pai que nos ama sem reservas e deseja imensamente ser amado por nós, porque sabe que só assim chegaremos à verdadeira vida e à plena felicidade” (HUMMES, op. cit., p. 100). Para que esse diálogo seja duradouro e a vivência do método tenha frutos na vida de quem reza, a Lectio Divina não pode ser algo ocasional realizada em algum tempo livre, mas uma prática que faça parte da programação pessoal, com tempo suficiente para ser bem realizada. Disciplina, constância e fidelidade devem marcar a caminhada de quem busca vivenciar essa experiência com Deus no contato com a bíblia.
            Os degraus da Lectio Divina são o tema central do livro “A Palavra de Vida”, obra póstuma de Maria Paola Olla. Os passos são apresentados como regras para estabelecer um diálogo frutuoso com Deus, de tal forma a não colocar na boca dEle aquilo que nós queremos escutar, correndo o risco de não ouvir aquilo que Deus realmente quer nos falar. Antes de subir o primeiro degrau, iniciando a leitura, é preciso pedir o Espírito Santo como condição básica e fundamental para a compreensão das Escrituras, assim como nos afirma Jesus: “quando vier o Espírito da verdade, ele vos guiará na verdade plena” (Jo 16,13). Em seguida, apresentaremos os quatro degraus.

1º degrau: Leitura
O texto bíblico deve ser lido e relido com muita atenção, procurando responder à pergunta – o que a Palavra diz? Deve-se identificar quem são as personagens, o período em que viveram, qual o acontecimento está sendo narrado e quais as expressões que mais se repetem no texto. Podem-se consultar os trechos que vem antes e depois do texto lido e as notas explicativas como auxílio para contextualizar a leitura. Deve-se procurar o contexto histórico do texto, observando quando o livro foi escrito e qual a situação sócio-política da época. O sentido teológico também deve ser procurado, observando o que o episódio narrado significou para o povo que viveu naquele tempo. É muito importante neste degrau não fazer uma interpretação subjetiva ou intimista do texto, pois o objetivo principal é compreender o que o texto diz em si. Concluída a leitura, passa-se a meditação do texto lido.

2º degrau: Meditação
Este é o momento em que o texto lido deverá ser meditado, procurando atualizá-lo na vida de quem o está lendo. A pergunta é – o que o texto diz para mim hoje? A Palavra de Deus é viva e eficaz (cf. Hb 4,12) e, por isso, Deus tem algo para dizer hoje, não somente na vida de quem está meditando, mas também para o mundo e para a sociedade em que vivemos.
O Cardeal Hummes, ao falar da meditação, afirma que “meditar é refletir sobre o valor permanente do texto, que é a verdade escondida a ser descoberta e atualizada para nós. É procurar o sabor atual da Palavra. É buscar o rosto de Cristo atrás de cada palavra sua. É confrontar o texto com nossa vida” (2013, p. 104). Ao meditar o texto, vai surgindo um apelo à oração, passando ao próximo degrau da Lectio Divina. 

3º degrau: Oração
Este é o momento em que a pessoa que reza estabelece o seu diálogo com Deus, pois nos degraus anteriores foi Ele quem falou, agora será ela quem falará. É o momento de expressar ao Senhor o que a Palavra está mexendo no interior da pessoa, respondendo à pergunta – o que o texto me faz dizer a Deus? Neste diálogo com o Senhor pode nascer uma oração de pedido, de louvor ou de agradecimento pelas graças recebidas. Pode ser também um momento de reconhecimento dos erros, onde brota uma oração de arrependimento e um apelo à conversão. Como fruto da oração, quem reza é convidado a subir mais um degrau, a contemplação.

4º degrau: Contemplação
            A pergunta central a ser respondida na contemplação é – o que a Palavra pede que eu mude em minha vida? Ao contrário do que muitos pensam, contemplar não é entrar num estado de êxtase ou ter aparições, mas é uma mudança de olhar, enxergando a realidade com os olhos de Deus. Esse novo olhar nasce da escuta profunda da Palavra de Deus e do próprio Deus que fala ao coração humano, dando novo sentido a tudo o que está ao nosso redor. A contemplação leva à ação no cotidiano de nossas vidas, um mergulho na realidade que deve ser preenchida pela presença de Deus.
            Maria Paola destaca ainda três atitudes importantes a serem conservadas na Lectio Divina, como forma de cultivar a amizade com Deus por meio da sua Palavra. A primeira delas é a pureza de coração, implicando uma abertura plena e sem reservas para escutar a voz de Deus, preenchendo também meu coração, minhas palavras e meu tempo com a presença do Senhor. A segunda atitude é o amor, pois “quanto mais leio a Palavra, mais nasce em mim o desejo de amar; e quanto mais amo, mais entendo a Palavra” (OLLA, 2014, p. 39). A terceira atitude é a humildade, um caminho de esvaziamento de si mesmo e de seus conhecimentos que permite a percepção da necessidade de Deus e da sua ação em nossas vidas.
Merece nossa atenção o livro “Lectio Divina, a leitura orante da Bíblia e a Espiritualidade Cristã” do Pe. Isac Isaías Valle, que destaca a importância do método como uma forma de colocar a bíblia nas mãos do povo, para que ela seja ouvida, lida, compreendida e vivida. Não se trata de um método para estudiosos ou somente para os padres e consagrados, mas para todo o povo de Deus (cf. VALLE, 2014, p. 11).
Quem reza com a bíblia precisa tomar consciência de que o texto bíblico não é um texto qualquer, mas um texto inspirado por Deus, que contém “toda a verdade necessária para o ato de fé, e necessário, portanto, para a nossa Salvação e a de todos os homens” (VALLE, op. cit., p. 31). Por isso, a bíblia utilizada por quem reza deve ser a mais científica possível, contando com notas explicativas que possam ajudar a pessoa a contextualizar o trecho bíblico que escolheu para sua leitura. Uma bíblia sem rigor científico, como as conhecidas bíblias pastorais, não é recomendada.
O autor escreve alguns princípios fundamentais da Lectio Divina. O primeiro deles é que a bíblia se explica pela própria bíblia, ou seja, quem reza com a Palavra de Deus precisa buscar na própria Palavra as respostas para as perguntas que vão surgindo ao longo da leitura. Outros textos do Antigo ou do Novo Testamento e notas de rodapé podem ser consultados para ajudar na compreensão do que está sendo difícil de entender. Pode-se ainda consultar uma concordância bíblica ou um dicionário bíblico que ajude a compreender as expressões desconhecidas por quem está lendo.
Em seguida, como segundo princípio, ele recomenda que a Lectio Divina deve ser feita a sós, num ambiente silencioso que favoreça o recolhimento, sem músicas ou barulhos, pois “somente no silêncio pessoal, do coração, acalmando todo o barulho interior e exterior é que podemos entrar no ‘silêncio de Deus’, onde Ele nos fala a sós, no nosso coração” (VALLE, op. cit., p. 54). Também se deve observar com atenção o tempo de oração e o período do dia em que se reza. Algumas pessoas preferem rezar durante o início do dia, até mesmo de madrugada, já outras preferem o período da noite. Independente do período, ele indica que o tempo de oração deve ser fixado em uma hora sem interrupções.
O terceiro princípio é escolher o texto previamente, pois não se deve abrir a bíblia ao acaso, buscando respostas rápidas sem ter rezado ou fazendo interpretações fundamentalistas do texto. Um caminho mais seguro é acompanhar a Liturgia Diária, escolhendo uma das leituras propostas pela Igreja para cada dia. O autor ainda recomenda que o melhor seria rezar com o livro da bíblia, tendo contato com as páginas das Sagradas Escrituras, pois fica difícil fazer uma experiência mais profunda rezando com o celular, tablet ou outros instrumentos eletrônicos.
Por fim, o quarto princípio indica que antes de iniciar os passos da Lectio Divina é preciso invocar o Espírito Santo, abrindo-se a ação de Deus e acolhendo com docilidade as inspirações que o próprio Senhor vai colocando no coração de quem reza.
Outra questão importante em relação a Lectio Divina são as dificuldades que podem aparecer para aqueles que buscam praticar a leitura bíblica como um caminho de espiritualidade. Algumas pessoas começam a leitura com muito desejo e empenho, mas nas primeiras dificuldades acabam abandonando a experiência. É preciso paciência e perseverança para aguardar o tempo de Deus, mesmo quando aparece certa desmotivação, cansaço ou apatia. Para quem percebe aridez e obscuridade diante de certos textos bíblicos, vale a constância em não abandonar a oração, mas esperar para que no momento certo o Espírito Santo revele o que Deus tem a dizer por meio daquelas palavras. Outra dificuldade é considerar a leitura bíblica um passatempo, o que seria menosprezar toda a grandeza do mistério de Deus ali escondido.
Ler a bíblia, meditar, orar e contemplar é encontro com Deus que transforma a vida. Tendo apresentando os passos da Lectio Divina, vamos conhecer como o método é aplicado na espiritualidade dos membros da Aliança de Misericórdia, na sua vivência prática e quais são suas particularidades.
  
A espiritualidade da Palavra na Aliança de Misericórdia
           
            A Aliança de Misericórdia tem como missão “tornar-se uma expressão viva do amor misericordioso, que brota do coração do nosso Deus por meio da sua Igreja, para com os mais pobres material e espiritualmente” (ALIANÇA DE MISERICÓRDIA, 2015, p. 19). Em outras palavras, é ser um sinal da misericórdia de Deus para a humanidade que sofre não somente a pobreza material, mas o esvaziamento da vida humana, dos seus valores e da falta de sentido existencial.
            O Cardeal Walter Kasper, no seu texto “A Misericórdia, condição fundamental do Evangelho e chave da vida cristã”, dá um belíssimo significado da misericórdia e da sua ação na vida da pessoa que a experimenta. Segundo Kasper,

a palavra latina misericordia, no seu significado original, quer dizer ter o coração (cors) com os pobres (miseri), sentir afeto pelos pobres. [...] Neste sentido humano geral, a misericórdia denota a atitude de quem transcende o egoísmo e o egocentrismo e não tem o coração centrado em si mesmo, mas centrado nos outros, em especial nos pobres e nos afligidos por todo o tipo de misérias (2015, p. 36).

            A misericórdia divina alcança o coração das pessoas, manifesta o perdão de Deus e convida a buscar uma vida pautada no amor, na solidariedade e nos valores do Reino de Deus. Alcançados por tal experiência da misericórdia e deixando-se transformar por ela, os membros da Aliança de Misericórdia são convidados a sair ao encontro das pessoas que sofrem, especialmente dos pobres e excluídos, como testemunhas deste amor misericordioso que deseja salvar a todos. O carisma do Movimento foi sintetizado nas palavras “evangelizar para transformar”, ou seja, “transformar os evangelizados em evangelizadores, conforme as palavras que Jesus disse a Santa Faustina: ‘os maiores pecadores, se acreditarem na minha misericórdia, se tornarão os maiores santos’” (ALIANÇA DE MISERICÓRDIA, 2015, p. 9).
            A pessoa que foi tocada e transformada pela misericórdia no carisma da Aliança, independente da sua situação, sendo pobre ou rico, torna-se uma testemunha da ação salvífica de Deus, chamada a anunciar o Evangelho e a misericórdia capaz de transformar a vida das pessoas e o mundo onde vivem. Por isso, todos são convidados a deixar-se tocar pela miséria do outro, colocando seus dons a serviço de quem precisa e agindo concretamente na obra da evangelização e da promoção humana, numa partilha de bens e serviços em prol dos menos favorecidos. Kasper afirma que a verdadeira realização pessoal está neste sair ao encontro do outro, procurando um olhar atento e uma atitude compassiva para com os mais empobrecidos (op. cit., p. 36). Para o cardeal, este dinamismo implica em

transcender-se a si mesmo até aos outros, esquecendo-se assim da sua pessoa, não é debilidade, mas fortaleza. Nisso consiste a verdadeira liberdade. Essa autotranscendência é, por isso, muito mais do que o enamoramento de si mesmo na entrega ao próprio eu; pelo contrário, trata-se da livre autodeterminação e, por conseguinte, de autorrealização. É tão livre que pode ser livre inclusive em relação a si mesmo, pode superar-se, esquecer-se de si e ultrapassar, por assim dizer, os seus próprios limites (KASPER, 2015, p.36).

            Para que essa experiência seja possível, é necessária uma vida de profunda espiritualidade e busca de Deus como sentido último da vida. A espiritualidade da Aliança de Misericórdia é alicerçada sobre quatro escolas fundamentais: o Espírito Santo, a Palavra, Maria e os pobres. Para os fundadores da Aliança, Pe. Antonello Cadeddu e Pe. João Henrique, a “Escola da Palavra” tem suma importância para iluminar a vida dos membros do Movimento e é um critério de discernimento para as situações do cotidiano. Na Carta Testamento escrita por eles, juntamente com Maria Paola Olla, eles ressaltam essa importância afirmando que “a nossa vida seja sempre profundamente evangélica. Que a Palavra escutada, meditada e vivida até as suas últimas consequências, se torne Vida na nossa vida. Nunca a lógica, a prudência humana, substituam a loucura evangélica” (ALIANÇA DE MISERICÓRDIA, 2015, p. 13).
Todos os membros do Movimento, sejam os padres, consagradas e casais missionários da Comunidade de Vida,[2] sejam os leigos e amigos da Comunidade de Aliança,[3] são convidados todos os dias pela manhã a meditar a palavra de Deus segundo a liturgia da Igreja. Como fruto desta meditação se escolhe um versículo bíblico como “palavra do dia”. Para que ela não seja esquecida, muitos fazem uma pequena anotação na própria mão ou utilizam uma “pulseira da Palavra”, uma pequena correia ao longo do pulso onde se anota a palavra a ser vivida naquele dia. A “palavra do dia” torna-se um propósito concreto para a vivência diária e um caminho de encontro com Deus e com os irmãos. Será também objeto de reflexão e exame de consciência durante à noite, antes de dormir, em que cada pessoa é convidada a olhar a própria vida à luz da Palavra de Deus revelada de forma especial para aquele dia. A constatação de ter vivido ou não a palavra é sempre um incentivo a buscar no dia seguinte uma meditação mais profunda e um propósito mais concreto. Para os fundadores da Aliança, a Palavra de Deus

constantemente acolhida e meditada, nos livrará da tentação de nos conformar à mentalidade deste mundo (cf. Rm 12,2). Pela convivência com a Palavra de Deus teremos a luz necessária para aquele discernimento de viver comunitário que nos ajuda a procurar nos sinais dos tempos os caminhos do Senhor. Permaneceremos na escola da Palavra, mesmo quando ela soa dura aos nossos ouvidos, na certeza que não existe outro caminho, outra porta, outra vida: “Senhor, a quem iremos? Tens palavras de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6,68-69) (ALIANÇA DE MISERICÓRDIA, 2015, p. 32).

Os pobres retirados das ruas ou provenientes de outras realidades, como presídios, favelas e áreas de prostituição, são chamados Filhos da Aliança e são acolhidos em casas comunitárias para um processo de recuperação e reinserção social. Diariamente, realizam a meditação da Palavra, pois a espiritualidade é uma das grandes ferramentas utilizadas neste processo de recuperação. O objetivo é ajudar estes homens, mulheres e crianças a vivenciar uma experiência com a misericórdia de Deus por meio da fé e do amor recíproco, e a buscar um novo sentido para as suas vidas. A “palavra do dia” será relembrada várias vezes pelos acolhidos em alguns momentos ao longo do dia e, principalmente, antes das refeições.
            O método principal indicado aos membros do Movimento para meditar a Palavra de Deus é o da Lectio Divina. No livro “A Escola de Maria”, recordando a imagem da Virgem que guardava todos os acontecimentos e meditava-os em seu coração (cf. Lc 2,19; Lc 2,51), Pe. Antonello e Pe. João Henrique apresentam mais dois degraus para a Lectio Divina como um segredo eficaz para a meditação das Escrituras.

5º degrau: Partilha da Palavra
Este é o momento de partilhar com os outros o fruto que a meditação da Palavra trouxe no seu coração, seja comunicando oralmente ou escrevendo para as pessoas. A partilha da Palavra pode tornar-se um “contágio” de vida, pois “toda partilha da experiência da Palavra é um Pentecostes, uma efusão do Espírito Santo!” (CADEDDU; HENRIQUE, 2017, p. 18).
  
6º degrau: Anúncio da Palavra
Assim como afirmava São Paulo, “[...] se anuncio o Evangelho, não é para mim motivo de vanglória, pois é uma necessidade que me é imposta; ai de mim se não anuncio o Evangelho!” (1Cor 9,16), o anúncio da Palavra de Deus é uma missão para aqueles que creem. Anunciar a Palavra é possibilitar ao mundo ser transformado pelos valores que nela constam.
A espiritualidade da Palavra na Aliança de Misericórdia comporta ainda a meditação de uma “palavra do mês” escrita pelos fundadores como caminho de unidade e propósito concreto para a vida do Movimento. Os membros também escolhem com liberdade uma “palavra do ano” como projeto de vida para o ano corrente e um direcionamento inspirado por Deus para sua vida e para sua missão. A meditação da Palavra é constantemente incentivada entre os membros da Aliança, de tal forma que possam compreender que sua vida deve ser vivida ao ritmo da Palavra de Deus (cf. CADEDDU; HENRIQUE, 2012, p. 5-7). Apresentaremos, em seguida, como todo este caminho espiritual de oração e meditação das Sagradas Escrituras pode contribuir para a orientação espiritual.

As contribuições da Lectio Divina para a Orientação Espiritual

            A orientação espiritual cristã é “a ajuda dada por um cristão a outro, ajuda essa que capacita este outro a prestar atenção à comunicação pessoal de Deus com ele, a responder a esse Deus pessoalmente comunicante, a aumentar a sua intimidade com ele e a viver as consequências desse relacionamento” (BARRY; CONNOLLY, 1987, p. 22). No entanto, a simplicidade das palavras que definem tal conceito não conseguem expressar toda a complexidade e riqueza que este ministério contém na caminhada de fé de tantos homens e mulheres ao longo dos séculos.
Não são poucas as pessoas que procuram pedindo para conversar e aconselhar-se com outras pessoas de fé, como padres, consagradas e líderes pastorais. Os assuntos abordados nessas conversas são os mais variados possíveis: um apelo vocacional que surge no coração de um jovem; uma mãe em crise no seu casamento; uma pessoa muito piedosa que passa por uma crise de fé, não conseguindo sentir o que Deus deseja para sua caminhada; a partilha de dores e sofrimentos decorrentes das mais variadas situações; um pecado que a pessoa não consegue superar.
            Os dramas vivenciados são diferentes, mas revelam sempre uma ferida interior que a pessoa carrega ou algo que ela esteja buscando. A partir dessas conversas, algumas pessoas acabam pedindo para fazer um caminho de acompanhamento, onde tenham a oportunidade de continuar a partilhar e conversar sobre suas dúvidas e dificuldades. Nem sempre, essas conversas podem ser caracterizadas como uma orientação espiritual, mas podem estar no início de um processo de acompanhamento. Podemos dizer que a orientação espiritual só começa, de fato, quando o assunto do diálogo focalizar-se na experiência espiritual da pessoa que procura ajuda. O padre jesuíta Ulpiano Vásquez, falando sobre “A nova imagem do Orientador Espiritual e sua Função”, destaca a importância da centralidade na experiência religiosa de quem procura uma orientação espiritual. Para ele,

[...] o âmago da orientação espiritual deve ser a experiência pessoal de Deus daquele ou daquela que procura orientação, significa que esta pessoa de alguma maneira está tomando consciência da ação imediata de Deus em sua vida; que se trata de alguém que experimenta que é sujeito e objeto de uma experiência, que ativa e passivamente, pode ser denominada experiência de Deus, e que, por isso mesmo, é irredutível a qualquer outro tipo de experiência subjetiva ou intersubjetiva que essa pessoa possa ter vivenciado (2006, p. 27-28).

            Em outras palavras, a função primeira do orientador espiritual é ajudar a pessoa orientada na sua relação com Deus, sem tornar-se um obstáculo para que essa relação aconteça com liberdade. Necessariamente, esse orientador ou orientadora não precisa ser um padre ou uma religiosa, mas uma pessoa experimentada na fé, que tenha recebido o carisma de ajudar a discernir a experiência espiritual da pessoa que pede para ser orientada. Ele também não deve ser o superior religioso ou o confessor, nem mesmo um terapeuta, um mestre ou um guru espiritual, mas alguém que tenha uma escuta livre e atenta, permitindo que a pessoa possa falar de si mesma e da sua experiência com Deus.
Ao pensarmos no conteúdo da orientação espiritual, se o enfoque é a experiência de Deus, o primeiro aspecto a ser trabalhado será a oração da pessoa acompanhada. A oração permite a pessoa estabelecer um relacionamento consciente com Deus, mesmo que às vezes ela esteja distraída e não perceba que Deus se faz próximo. Rezar implica destinar um tempo para estar com Deus, como se faz muitas vezes com um bom amigo. Muitas pessoas, acabam tendo dificuldades na experiência de oração porque acreditam que para rezar é necessário destinar muito tempo ou se utilizar de um número infindo de orações formais contidas num livro. Mais do que isso, a oração começa quando o coração e a mente da pessoa se voltam para Deus, de tal forma que ela tome consciência de Deus mesmo e da sua presença. Isso já é oração! (cf. BARRY, 2005, p. 19-20).
William Barry, na obra “Deus e você: a oração como relacionamento pessoal”, destaca que o sentido da presença de Deus e os sentimentos que decorrem dessa experiência são um tipo de oração que pode ser chamada contemplativa. Segundo Barry,

as pessoas ficam surpresas com o que acontece quando se aproximam da oração dessa maneira. A princípio, pode nem mesmo parecer oração, principalmente para aquelas que tem uma estreita visão daquilo que pode ser religioso. Mas, com estímulo, vão praticando e, aos poucos, achando essas ocasiões agradáveis e repousantes. Descobrem que estão contentes ou gratas e percebem a presença de alguém que as ama e se importa com elas. Veem-se conversando espontaneamente com Deus em seu íntimo, demonstrando, em profusão, sentimentos de gratidão, ou alívio, ou seja lá o que for. De um modo ou de outro, elas também descobrem que Deus é muito melhor do que o fazem parecer (2005, p. 20).

            Na oração, Deus vai se comunicando com a pessoa, de tal forma que ela possa perceber sua ação na vida concreta, no dia a dia, nas atividades, lutas e dificuldades que são vivenciadas no cotidiano. O orientador não cria o relacionamento da pessoa com Deus, mas procura ajudar a fortalecê-lo, incentivando-a a experimentar a ação de Deus em sua vida e a buscar novas descobertas. Igualmente, não se trata de um caminho onde o orientador ensina doutrinas ou repassa ideias interessantes, pois a centralidade é sempre o Senhor e a forma como ele se manifesta a cada pessoa.
Se o caminho da orientação espiritual passa, necessariamente, pelo caminho da oração, não podemos deixar de ressaltar a importância do método da Lectio Divina como contribuição para a orientação espiritual. Partindo do enfoque da experiência de Deus e de uma amizade que vai sendo construída pouco a pouco com o Senhor, este método poderá ser muito útil no amadurecimento da vida espiritual, pois o ponto chave está em estabelecer um diálogo afetivo e amoroso com Deus, num relacionamento de intimidade. Ele é, sem dúvida, uma das mais bonitas e privilegiadas formas de oração, pois permite que a pessoa converse com Deus por meio da meditação das Sagradas Escrituras.
Na obra “A prática da Direção Espiritual”, William Barry e William Connolly ressaltam a importância da comunicação de Deus por meio da sua Palavra, quando afirmam que “Deus nos fala tanto por meio da palavra como de ações, e nós temos capacidade para responder. Essa maneira de ver a própria vida cristã foi facilitada para o cristão mediante a forma pela qual as Escrituras lhe foram transmitidas pela Igreja” (1987, p. 37).
            Depois de ler o texto bíblico, o diálogo se estabelece nos passos seguintes propostos no método da Lectio Divina, a meditação e a oração. Deus fala ao coração de quem reza por meio da palavra meditada e, aquele que reza, por sua vez, tem a oportunidade de responder a esse Deus que fala ao coração humano. Neste diálogo, é possível comunicar o que se tem de mais profundo no próprio interior, acolhendo o amor de Deus que se comunica com a sua criatura. Ao falar com o Senhor, podem nascer várias formas de oração e súplica, que lançam para o quarto passo da Lectio Divina, a contemplação. É chegado o momento de perceber o que essa oração implica concretamente na vida de quem reza, indicando novos caminhos para uma transformação pessoal sempre mais profunda.
            A partir da vida de oração, percebemos que a pessoa orientada é chamada a uma caminhada de fé que se expressa em toda a sua vida. A meditação da Palavra de Deus, o silêncio pessoal, o engajamento numa comunidade de fé e o serviço são aspectos muito importantes para um processo de formação espiritual. O final desse processo precisa levar o orientando a um caminho de liberdade, um “caminho do coração”, onde ela vai da solidão com Deus para a comunidade com o povo de Deus, para seu ministério e para todos (cf. NOUWEN; CHRISTENSEN; LAIRD, 2012, 37-38).
            Neste aspecto, os dois passos vivenciados no método da Lectio Divina na espiritualidade da Aliança de Misericórdia podem ser de grande ajuda para essa caminhada espiritual. Partilhar a Palavra e anunciar o Evangelho auxiliam o orientando a perceber que ele faz parte de um povo, o povo de Deus, tomando consciência da sua responsabilidade enquanto portador de uma mensagem de fé que não deve transformar somente a vida dos indivíduos, mas a vida do mundo todo, assim como ensinava Jesus: “ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16,15).
Na experiência com a meditação da Palavra no método da Lectio Divina, há momentos em que a pessoa passa por situações de desolação e desânimo, onde a oração tende a se enfraquecer. O orientador precisa ajudar a pessoa a compreender que a oração é “estar com Deus” mais do que pensar ou refletir, e que os frutos da oração autêntica não se medem pelos sentimentos de consolação ou ânimo, mas pela própria vida. Ajuda-nos o pensamento de Thomas Green, em seu livro “Quando o poço seca”, a compreender o olhar que se deve ter na vida de oração depois dos estágios iniciais. Para ele,

a vida autêntica de oração é marcada por crescimento na fé, na esperança e no amor: uma fé que não consiste meramente em palavras, mas numa aceitação da vida da Cruz, da Eucaristia, de todo o caminho de Jesus para ver o mundo; uma esperança baseada em nossa experiência de Deus que nos capacita a acreditar na vitória do Senhor em nós e no mundo, mesmo diante dos defeitos e falhas humanas; e um amor que veja todas as coisas e todos os homens, até mesmo nossos “inimigos”, com os olhos de Deus e os trate de acordo com isso (2000, p. 74-75).
           
O encontro com Deus não é menos exigente do que o encontro com outro ser humano, pois ele requer da pessoa abertura, atenção e disponibilidade. É normal que durante um período de oração possam haver distrações, mas o volume de distrações ou até mesmo o adormecimento durante a oração significa algo mais profundo, talvez uma resistência maciça ao encontro com Deus. Essa resistência pode ser fruto de uma imagem distorcida de Deus, onde a pessoa queira sempre apresentar-se como alguém “bonzinho”, de tal forma que não há uma verdadeira manifestação dos sentimentos, dificuldades ou tentações; outras pessoas têm dificuldade para aceitar que Deus as queira felizes ou realizadas, pois concebem a imagem de um Deus que exige sempre o sacrifício e a abnegação. Quando o orientando consegue purificar estas imagens distorcidas e estabelecer um relacionamento de amizade e liberdade com o Senhor, o encontro com Deus é sempre transformador.
A Lectio Divina poderá ser um caminho privilegiado para isso, pois aquele que lê e medita as Escrituras acaba sendo transformado por elas. Faz eco ao pensamento do professor Carlos Henrique do Carmo Silva, no posfácio da obra “A arte de ler a Bíblia”, onde concluímos que ao longo do tempo e da fidelidade à meditação dos textos bíblicos, o orientando vai percebendo que não está lendo a Palavra de Deus, mas sendo lido nela (cf. VAZ, 2008, p. 176).[4] Caminhando lado a lado com o Senhor, ouvindo a sua Palavra e deixando que ela seja inscrita no próprio coração, a pessoa orientada tem a possibilidade de encontrar sua mais profunda essência como criatura e filho de Deus, imagem e semelhança do seu Pai e Criador (cf. Gn 1,26). Trata-se de um processo de autoconhecimento, que também é uma das consequências de um caminho autêntico de orientação espiritual. O orientador, por sua vez, precisará ajudar a pessoa a discernir sua experiência espiritual e favorecer o crescimento do relacionamento de abertura e confiança com Deus, que muitas vezes seguirá naturalmente a uma abertura e confiança com o próprio orientador.
  
Conclusão

            Rezar com a Bíblia é uma das experiências mais bonitas que um cristão pode fazer. É ter a possibilidade de comunicar-se com o próprio Senhor que fala como um pai, um amigo, alguém que nos conhece profundamente e, por isso, pode falar ao nosso coração.
            Mais do que um método, a Lectio Divina procura ser uma escada que nos conduz até Deus, subindo degrau após degrau, na leitura, na meditação, na oração e na contemplação. Vivendo em comunidade, percebemos que os frutos que nascem desta meditação da Palavra podem também ser partilhados, contagiando outras pessoas. O anúncio desta Palavra e da sua ação concreta na vida de quem reza, pode tocar o coração de pessoas que ainda estão afastadas de Deus ou não tem uma experiência de fé.
            Fidelidade, constância e dedicação serão algumas das qualidades requeridas para quem deseja entrar nesta aventura, mesmo quando a aridez ou a incompreensão aparecerem. Nestes momentos, deve-se perseverar, lembrando-se que nossa oração é conduzida pelo Espírito Santo como força vital que ilumina nossa vida e nos revela a verdade contida na Palavra de Deus. Pouco a pouco, a vida vai sendo transformada pela oração, oportunidade em que cada pessoa tem para ler a própria vida à luz da história da salvação e da revelação de Deus à humanidade.
            Junto com a leitura da Palavra, precisaremos também fazer uma leitura do coração, pois os sentimentos, as moções e os apelos que nascem da meditação deverão fazer parte do conteúdo precioso a ser partilhado na orientação espiritual, na certeza de que quem caminha junto, vai mais longe. 

Bibliografia

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VALLE, Pe. Isac Isaías. Lectio Divina: a leitura orante da bíblia e a espiritualidade cristã. 2. ed. São Paulo: Palavra e Prece, 2014.
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VAZ, Armindo dos Santos. A arte de ler a Bíblia: em louvor da lectio divina. Marco de Canaveses: Edições Carmelo, 2008.
______. Palavra viva, Escritura poderosa: a Bíblia e as suas linguagens. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2013.


[1] Aluno do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Espiritualidade Cristã e Orientação Espiritual (ECOE) da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte.
[2] A Comunidade de Vida é o coração da Aliança de Misericórdia, onde os padres, consagrados e consagradas, e famílias missionárias, vivem em fraternidades numa experiência de vida comunitária baseada na oração, trabalho, evangelização e dependência da Providência Divina, colocando seus bens materiais e espirituais em comum.
[3] A Comunidade de Aliança é formada por leigos que se identificam como Missionários de Aliança ou Amigos Missionários, vivendo nas suas próprias cidades o carisma e a espiritualidade do Movimento. Atualmente, estão presentes em 50 cidades do Brasil e em mais seis países: Portugal, Polônia, Itália, Bélgica, Venezuela e República Dominicana.
[4] Reflete também o pensamento de Orígenes: “A alma e a Escritura, graças à referência simbólica de uma e da outra, esclarecem-se mutuamente. Seria uma perda descuidar o estudo, tanto de uma como da outra. São dois livros a ler e a comentar um pelo outro. Se preciso da Escritura para me compreender, também compreendo a Escritura quando a leio em mim” (In Iohannem, 5,7) citado na obra de Armindo Vaz (2013, p. 5).

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